Ivan Cezar Ineu Chaves

Ambiente virtual
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Neste mês de abril de 2015 circulou a notícia de que um tradicional Jornal do Rio Grande do Sul vinculado ao Grupo Pampa de Comunicações – o Jornal O SUL – abandonou sua edição impressa deixando de circular no chamado “meio físico” e permanecendo tão só na denominada “plataforma virtual”, ou seja, pela internet.

Não foi uma notícia isolada, já que há alguns anos um dos mais tradicionais meios de notícia impressa do País – o Jornal do Brasil – também se viu forçado a abandonar a versão impressa em papel. Foi um choque quando se revelou a notícia, pois o velho “JB” era visto como um ícone quase sagrado do jornalismo brasileiro.

Os novos tempos estão aí e só não os aceita quem é demasiadamente cético ou inadvertidamente ingênuo. A força da comunicação instantânea e barata já não pode ser mais entendida apenas como uma “tendência”, sendo uma realidade irreversível.

É claro que vai sempre ficar um sentimento de saudosismo, de nostalgia e até mesmo de lástima, porque todo o processo de implantação de novas tecnologias sempre vem acompanhado de efeitos colaterais. A eliminação de profissões, de espaços e até de costumes é uma dura realidade, mas que deve ser enfrentada.

Com o tempo a diminuição de espaços físicos como as “bancas” de revistas e jornais é algo que devemos aceitar como inexorável, tanto quanto diminuíram barbaramente algumas atividades como, por exemplo, a dos sapateiros e dos alfaiates que eram tão comuns na juventude da maioria das pessoas que hoje passam dos cinqüenta anos de idade. Hoje compra-se pela internet um calçado ou um tênis descartável, da mesma forma que um terno completo pelo preço que seria cobrado como mão de obra por um alfaiate.

A sociedade de consumo será sempre escrava da chamada “equação custo-benefício”. Na iniciativa privada não existe perdão para quem tentar enfrentar essa equação. Só venderá mais e obterá maior lucro o empresário que, humildemente, se vergar a essa equação. Em resumo: terá de gastar menos que seu concorrente e vender mais que ele.

Lei da selva do mundo empresarial é . Sempre . Só o Estado como árbitro das relações sociais pode interferir nesse processo, mas aí entra outra questão que é a do modelo de Estado. E a discussão sobre isso invade outros territórios que não cabem nesta crônica. É certo que os defensores do chamado “Estado Mínimo” precisam reconhecer que cedo ou tarde terão de rever alguns de seus conceitos.

Rigorosamente convencido de que a tecnologia evolui muito mais rápido do que evolui nosso debate sobre o modelo de estado. Teremos que realizar um esforço muito grande para sincronizar alguns pensamentos de modo a aceitar os novos tempos e as novas tecnologias e, ao mesmo tempo, discutir um modelo de estado capaz de mitigar os efeitos dessa revolução silenciosa provocada pelo ambiente virtual.