Dioneia Morato

As mulheres e suas escravidões
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Em cada época nós mulheres somos submetidas a algum tipo de escravidão. Acredito que o Dia Internacional da Mulher é para refletirmos  sobre nosso papel na sociedade; é para reafirmarmos que a morte das 130 tecelãs, no dia 8 de março de 1857, quando reivindicavam melhores condições de trabalho em uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque, não foi em vão. A data deve ser bem mais que comemorações.

Da nossa história, as mulheres negras merecem uma menção especial porque escravizadas, objeto dos desejos sexuais de seus senhores e castigadas pelos  ciúmes das esposas dos patrões; sobrepondo-se aos naturais instintos maternos interrompiam a  gravidez para que seus filhos não fossem negados como seres humanos, quebrando o elo que prendia sua descendência à escravidão. Era sim, acima de tudo, um ato de amor dessas mulheres, com “coragens absurdas”, assim como as tecelãs.

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Pra se ter uma ideia, fomos ter o direito de votar, aqui no Brasil, somente em 1932 e somente em 1988, a Constituição Federal consagrou o direito de igualdade entre homens e mulheres. Cito o surgimento da pílula, na década de 50 como um marco, pois o sexo foi dissociado da  maternidade  e as mulheres passaram a ter domínio sobre seu corpo e suas vontades.Portanto, em cada tempo há uma escravidão.

No mundo público ganhamos com avanços significativos, mas no ambiente doméstico ainda existem mulheres subjugadas aos seus parceiros engrossando os números de casos de violência entre quatro paredes, mesmo com a existência da “Maria da Penha”… (e Maria da Penha ainda vive, mesmo depois de dois atentados).

Outra escravidão?- o físico perfeito, a busca pela eterna juventude, aquilo que o mundo dita como padrão de beleza… Ou você se encaixa ou está fora, e aí entram em ação  antidepressivos, calmantes, drogas para conter o apetite… Que preço pagamos para estarmos inseridas?

Na televisão, a programação humorística mostra mulheres lindas, seminuas; gordas e feias recebem as mais diversas agressões. Enfim, são divagações para questionarmos porque falamos em Dia da Mulher.

Pra fugir dessas escravidões é preciso coragem, personalidade e convicção de quem somos; do que queremos; e para que estamos aqui.