Valdiocir Bolzan

Tipos populares: Horacio e outros
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HORACIO

Este tipo popular tinha um defeito de nascença (paralisia). Não tinha firmeza nas pernas, mas caminhava com a ponta de um dos pés no chão e o outro firmava naturalmente. Não falava mas compreendia tudo que lhe o falavam. O seu maior prazer era acompanhar a banda de música quando a mesma saia às ruas.

Naquele tempo os músicos eram avisados através do bombo, por ocasião de ensaios ou outros eventos. Assim que ele ouvia da sua casa as pancadas, vinha apressadamente e sentava-se na frente do salão. Usava camisola e um saquinho a tira-colo para receber as esmolas que lhe davam. Certa ocasião levaram este infeliz para um asilo em Santa Maria. Passados uns tempos, pessoas caridosas da comunidade local conseguiram a sua volta para cá, onde teve o seu fim.

 

OUTROS TIPOS POPULARES

A maioria dos tipos populares é bem conhecida dos sepeenses. Não temos matéria completa, razão pela qual citaremos apenas os nomes e alguns fatos esparsos sobre os mesmos, conforme segue:

PUFA (foto): Este tipo popular foi o introdutor do penteado tipo rabo de cavalo em São Sepé e sempre usava um blazer e bolsas femininos. Terminou seus dias vitimado por um incêndio em uma parte remanescente da antiga Usina Municipal de São Sepé.

PERERECA: Era irmão do Pufa e através de um megafone de lata fazia propagandas comerciais ou outras que eram solicitadas.Intitulava-se o maior propagandista da Praça das Mercês. Certa ocasião, devido ao seu estado de fraqueza, talvez motivada pela má alimentação, desmaiou em frente a atual Estação Rodoviária local, caindo no chão. Uma senhora que estava nas proximidades falou em providenciar um café forte para o desmaiado que após ouvir falar em café, pronunciou em tom acentuado as seguintes palavras: “com pão e manteiga”.

TIO COLOSSO: Este tipo popular tinha a mania de guerreiro usando alguns maltrapilhos trajes militares e sempre ostentando um lenço vermelho no pescoço. Tinha o apelido de Touro Preto e quando os guris da época assim o chamavam deviam fugir porque o troco vinha através de pedradas, corridões e até porretadas. Me incluo entre eles.

PIRATA: Esse tinha uma perna de pau que também era utilizada como arma e dormia em um oco grande de árvore nas imediações do antigo Engenho Medianeira.

BAIANO: Sempre estava discursando pelas ruas e faleceu nas proximidades da hoje Pracinha da Corsan após cair em um grande buraco aberto que seria utilizado para a incipiente instalação de canos para distribuição de água à população local.

VITALINO: Vinha do Cerrito para a cidade e morou em um abrigo grande de pedra naquele local.

BOA VENTURA: Este tipo popular vinha a pé de Santa Maria à São Sepé e vice-versa. Imitava perfeitamente um Padre rezando missa.

CAMALADA: Era caçapavano, mas morou muitos anos em São Sepé.

ADÃO BAQUE: Era natural da localidade de Cerca de Pedra e percorria as ruas locais sempre com um machado, simulando que ia cortar lenha, fato que não se concretizava. Chorava ficticiamente com extrema facilidade e ria ao mesmo tempo. O apelido de Adão Baque é motivado por ser manco de uma das pernas.

ELMO: Também era conhecido por Lingüinha devido estar sempre com a língua de fora. Andava com freqüência totalmente nu pelas ruas locais. Era intimo amigo do Paulo Rosa que era o seu grande protetor.

MARINA: Essa popular foi bastante conhecida da população local. Alimentava-se pessimamente. Certa ocasião o colunista acompanhado do Neimar Santos e do Bruno Garcia, ambos comunicadores da Rádio Fundação Cotrisel, efetuamos uma reportagem no interior do Formigueiro, onde a mesma residia. Hoje é falecida. Tinha na época por companheiro o Alirio que atualmente reside na grande Porto Alegre.

TIO QUITO: Era muito popular entre os sepeenses e sempre andava pelas ruas vendendo verduras e outras guloseimas.

ELUZA e POUCA ROUPA (José Bento de Castro): Este casal sempre dançava em fandangos populares que eram realizados durante a Semana Farroupilha.

JOÃO TIJOLO: Este tinha um escafandro que era um equipamento de lata para mergulhar e era muito utilizado para efetuar reparos em registros de açudes. Atualmente é proprietário deste escafandro o nosso amigo Nelson Ellwanger.

MAINHA: Esse tipo popular sempre utilizava um repertório bastante variado, valendo-se de palavras bastante cômicas que eram muito apreciadas por todos que o conheciam. Gostava muito de uma pinga e frequentava o Bar do Simon. Após este bar fechar as portas o Mainha ia levando para casa uma garrafa de cachaça e acabou  tropeçando e caindo na mesma, tendo por conseqüência a garrafa quebrada e o liquido esparramado em seu corpo, tendo na ocasião proferido as seguintes palavras: (tomara que seja sangue).

DENDEN: Era uma demente que igual ao Elmo andava nua pelas ruas da cidade.

VENTO NORTE: Este tipo popular era muito apreciado pelos seus contemporâneos da época. Quando ia pescar e se por ventura encontrava um conhecido que lhe dizia (me pega uma) e automaticamente retornava para casa.

 

NOTA DO COLUNISTA: Com essa coluna encerro o tema (Tipos Populares), porém se eventualmente conseguir mais dados, voltarei a publicar.

 


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