Valdiocir Bolzan

Os primeiros aviões que apareceram em São Sepé
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Nota do colunista

Foi observada a grafia da época. Houve comentários que esses aviadores estavam estudando um futuro roteiro de aviação comercial no eixo Rio, São Paulo, Porto Alegre, indo até Montevidéu, no Uruguai.

Se houve enorme repercussão por ocasião do aparecimento dos primeiros automóveis em São Sepé, conforme matéria publicada no primeiro número deste jornal, não é difícil imaginar a curiosidade dos sepeenses quando aterrisaram dois aviões na então pacata Vila de São Sepé, conforme narraremos a seguir:

Lá pelo ano de 1920, quando se realizava a Festa das Mercês, começou a circular na Vila a noticia alviçareira que lá pelo “Alto do Posto” estavam dois homens desconhecidos com dois aviões aterrizados naquele local. A curiosidade foi grande da população para ver de perto “esses aparelhos”. Foi um movimento intenso de pessoas se locomovendo para lá. Se via gente em condução de todo geito, e outros que seguiam a pé, embora tivessem que percorrer longa distância.

Mas, movidos pela aquela aflição de ver o que se passava, não acharam isso difícil. Em poucas horas, depois de ser espalhada essa noticia, aqueles aviadores foram cercados por mais de 500 pessoas, inclusive a banda de música, dirigida pelo Maestro Iponema que naquela época estava aqui a serviço da  Festa das Mercês. Os homens ficaram surpreendidos por verem tanta gente em roda de si, mas, naturalmente compreenderam que estavam em uma terra onde imperava o atrazamento.

Convêm salientar que em todos os cantos do pais já eram conhecidos aviões e estando eles em pleno funcionamento, entretanto em São Sepé eles eram completamente desconhecidos, porque era, como diziam, em épocas muito remotas, quando queriam deprimir a nossa terra, aplicavam o nome pejorativo “São Sepé escasso”, em razão das enormes dificuldades que existiam aqui no sentido de progresso.

Mas, voltando ao assunto relacionado aos aviadores, os mesmos não podiam conversar com as pessoas presentes no local, visto serem franceses. Um dos pilotos sempre se conservou dentro do avião, e o outro que estava fora do aparelho que dirigia, apenas acenava com as mãos, quando alguém queria tocar em alguma peça do avião.

O recurso que os sepeenses encontraram para saber do objetivo da vinda daqueles aviadores em São Sepé, foi levar à sua presença o Padre Mario Deluy que também sendo frances serviu de intérprete para aquela multidão que se apinhava naquele local. Os aviadores, por intermédio do vigário, disseram que sua vinda aqui, se prendia tão somente conhecer o Rio Grande, que era o ultimo Estado que faltava e que já tinham percorrido o Brasil de Norte a Sul.

O movimento de gente ali no Alto do Posto que é bem distanciado da Vila foi das 10 horas da manhã até as 4 da tarde. Foi formado um ambiente festivo, porque a todo momento se ouvia música. A uma certa hora eles deram o sinal de partida, entrando para os aviões e, com os lenços agitados ao ar, se despediram do povo.

Levantaram vôo e rumaram em direção a Santa Maria. Nesse momento a banda exercitou uma valsa lenta e aquele povo se retirou, trazendo aquela agradável impressão daquele dia.