Valdiocir Bolzan

O Gervasio Barbudo
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Este tipo popular era conhecido por esse nome, em razão de raras vezes ir ao barbeiro, no sentido de afeitar-se como se dizia na época. Era tão grande a sua barba que só aparecia a testa e os olhos. Os barbeiros diziam que uma navalha empregada no seu rosto, embora bem afiada se estragava, por isso tinham uma reservada para ele.

Quando o Gervasio sentava-se na cadeira e o barbeiro começava o trabalho, ele ia às lágrimas, tal a dor que sentia, sendo às vezes essas lágrimas acompanhadas de gemidos.

Era igual a uma intervenção cirúrgica, razão pela qual o pobre infeliz não gostava de ir ao barbeiro e se conservava barbudo por muito tempo. Diziam os desalmados Fígaros da Vila que na sua barba os insetos se agasalhavam muito bem, que era uma excelente morada para as estações hibernais. Ele tinha um defeito físico: os dedos dos pés eram todos iguais e cabeludos, aparentando um monstrengo na sua fisionomia. Era um homem bem claro, baixo e de muita força. Gostava de brincar na rua com os guris, sendo muitas vezes maltratado por eles. A noite, embora fosse bem fria, ele saia à rua e cantava uns versos sem nexo na frente das casas, isso sem acompanhamento de qualquer tipo de instrumento. Vivia maltrapilho e sempre de pés descalços, porém, gozava de excelente saúde. Com todo esse estado em que vivia, representando um mendigo, esse pobre homem trabalhava para viver.

Um dia desapareceu de São Sepé e os moradores locais ficaram sabendo que ele estava morando em São Gabriel onde veio a falecer, ignorando-se o estado de vida quando terminou os seus dias, porém permaneceu uma recordação entre os sepeenses que o conheceram.

 


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