Valdiocir Bolzan

Baile do Chico Torto
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O verdadeiro nome era Sociedade Recreativa Alto do Posto, porém era popularmente conhecida como Bailanta do Chico Torto, onde hoje funciona a Associação dos Funcionários da Cotrisel.

Este nome é originário de uma música composta pelo saudoso Gildo de Freitas cujo CD leva o nome de Gildo de Freitas o Trovador dos Pampas e era muito ouvida na época. Era proprietário desta Sociedade o Fausto Siqueira Régio que também era conhecido como Chico Torto, e a mesma era localizada no Alto do Posto, 1° distrito de São Sepé.

O primeiro salão era pequeno, medindo aproximadamente 50 m² e a copa ficava no lado de fora do salão devido ao pequeno espaço, porém posteriormente foi ampliado. O teto era baixo sendo que uma pessoa alta batia com a cabeça em uma linha de eucalipto que apoiava a cobertura. Lembro bem que o Rudi Scherer várias vezes levou pancadas na cabeça, devido a sua altura.

O Sérgio Talleyrand Ferreira e o saudoso Cinésio Freitas eram assíduos frequentadores e inclusive ajudavam o Chico Torto em várias tarefas, principalmente em dias de baile. Certa feita os dois pediram um bife para o proprietário e para o pagamento do mesmo ficaram obrigados a buscar água em um balde na vizinhança.

Os bailes estavam sempre lotados por motivo de as reuniões dançantes realizadas nos clubes Bento Gonçalves e Clube do Comércio findarem aproximadamente as duas horas da madrugada e os frequentadores após esse horário deslocavam-se até a Bailanta do Chico Torto. Diversos e famosos conjuntos musicais da época animavam ao vivo os bailes da referida sociedade. Lembro bem do José Mendes que contou em um baile a música Para Pedro e ainda não havia gravado esta música.

Certa feita em um baile desfilaram diversas moças concorrentes a rainha da sociedade. Os jurados eram os saudosos Paulo Rosa e Lírio Copetti e quando as moças passavam por eles ouviam do Lírio: “vamo dá uma requebrada (sic)” e as mesmas tentavam sem sucesso obedecer a ordem do Lírio. Foi escolhida pelos jurados uma determinada rainha porém, a filha de uma pessoa muito amiga do Chico Torto querendo justificativa porque a mesma não foi escolhida dirigiu-se ao Lírio, ouvindo dele a seguinte justificativa: ela não foi muito arrematada…

Muitas vezes íamos a pé aos bailes e disto devem lembrar-se o Sidnei Gonçalves, o Sérgio Ferreira e outros. Os bailes também eram animados pelo Napoleão Gazen e seu irmão Betinho, pelo Tatá e seu irmão Getúlio Silveira e demais integrantes.

Em um baile que o colunista estava presente o Paulo Rosa propôs para os ocupantes de mesas próximas para que simulassem uma briga fictícia. Eu estava dançando com uma moça quando estourou a peleia e numa mesa próxima a pista uma pessoa puxou o revolver 38, caindo o mesmo no chão e consequentemente perdi o par. O Paulo Rosa, idealizador da proesa dirigiu-se de pala e de braços abertos pedindo calma aos fictícios peleadores.

A referida pessoa, juntamente com sua esposa dirigiu-se com o mesmo revolver que havia caído até a frente da sociedade, dizendo que iria deixar dois estirados para exemplo. Estava a procura do nosso saudoso amigo Branco que nesta altura estava escondido na cabine de uma camioneta quando eu falei com ele e na mesma hora pediu para se retirar pois o perigo estava iminente. Retirei-me e o Branco pegou a estrada voltando a pé para a cidade.

Esta é a história da Bailanta do Chico Torto que deixou saudades aos seus antigos frequentadores, principalmente ao colunista que era sócio desta bailanta.