São Sepé conclui colheita do arroz

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Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini

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Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini
Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini

A safra 2015/2016 de arroz já foi concluída em São Sepé. Mesmo com a redução na área cultivada nos últimos anos, o grão, que tem grande importâncias para a economia local, colocou o município sepeense entre os maiores com área plantada na região nesta safra.

De acordo com dados levantados pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga) de São Sepé, em 2010 a área cultivada chegou próxima de 23 mil hectares.

“Na safra 2015/2016 os dados mostraram uma área 6,8 % a menos em relação à safra passada. Foram 16.644 hectares contra 17.853 da safra 2014/15”, destaca o chefe do escritório, Antônio Araújo.

 

Custos de produção

Ainda conforme o Irga local, os custos de produção na lavoura de arroz vêm aumentando nos últimos anos de forma desproporcional ao preço do produto. Isso possibilita a redução na remuneração do produtor pela atividade.

“Isto vem causando uma crescente descapitalização e desestímulo por parte dos orizicultores que acabaram reduzindo área de plantio do arroz, muitas vezes optando pela soja, cultura que tem apresentado forte valorização neste mesmo período”, destaca.

Por outro lado, a entrada da soja em rotação traz diversas vantagens tanto para o arroz quanto para os produtores. Segundo o Irga, a troca de cultura propicia redução do banco de sementes de plantas daninhas principalmente do arroz vermelho, quebra no ciclo de doenças e pragas, melhoria da fertilidade e diversificação para o agricultor. Entrega ainda a área quase pronta para o próximo cultivo de arroz favorecendo a semeadura na época recomendada. Portanto, a redução do uso intensivo das mesmas áreas com arroz e a substituição pela soja é um ponto bastante positivo para a orizicultura em São Sepé.

 

Clima

Para o Irga, o fator mais significativo nesta safra, tanto em relação à área plantada quanto à produtividade, foi sem dúvida o clima. O excesso de chuvas em volume e frequência no mês de outubro acabou impedindo a entrada nos locais mais baixos e sujeitos a enchentes fazendo com que algumas lavouras planejadas não pudessem ser implantadas.

Mas, o maior impacto do excesso de precipitação neste mês acabou sendo mesmo na produtividade da safra, visto que a maior parte da área não pode ser plantada na época preferencial. O mês de setembro foi favorável para o preparo do solo e semeadura, entretanto, muito pouco foi semeado e só da segunda quinzena de novembro em diante houve condições de avanço. Em dezembro ocorreu novamente um grande volume de chuvas prejudicando áreas já plantadas pela ocorrência de enchentes e atraso nos tratos culturais e no plantio, que acabou se estendendo até o início de janeiro.

“Em função do clima tivemos em torno de 550 hectares de área plantada que foram perdidos, alguns locais em que não foi possível o plantio, perda de adubo e remonte de taipas e ainda onde houve necessidade de ressemeadura aumentando o custo da lavoura”, salienta.

 

El Niño

Em anos em que há ocorrência do fenômeno climático El Niño a cultura do arroz fica prejudicada. A razão disto é que o fenômeno costuma ter o efeito na região de maior volume e frequência de precipitação durante a primavera e início do verão prejudicando o preparo do solo e a semeadura na época preferencial.

Ocorrem ainda atraso e ineficiência no controle de plantas daninhas e na adubação de cobertura com nitrogênio. O menor número de horas de luz e quantidade de radiação solar causado pela nebulosidade também reduz fortemente a produtividade principalmente se coincide com o período reprodutivo do arroz. A alta umidade relativa do ar e o tempo maior de molhamento das folhas tende a aumentar também a ocorrência e severidade de doenças principalmente a Brusone, agravado ainda pelo fato de que a maior parte da área plantada no município é com variedades suscetíveis.

Nesta safra ocorreu um El Niño típico e de bastante intensidade causando perdas e redução de produtividade em razão das causas apontadas. A produtividade levantada pelo Irga no município foi de 6.297 kg/ha na área efetivamente colhida, isto é, descontando-se as áreas perdidas.

Outra situação que se observou nesta safra foi o aumento do ciclo do arroz provavelmente em função da falta de luminosidade. A colheita iniciou-se tarde, o que até se explica pelo atraso da semeadura e período de plantio um pouco estendido, mas alongou-se bastante vindo a encerrar-se agora no início de junho. Em muitas situações foi observável o aumento de vários dias em relação à média de ciclo das cultivares.

“Acredito que seja de um certo crescimento na área plantada impulsionado pelo aumento do preço (resultante da redução de oferta desta safra) e da previsão de clima favorável para o arroz já que os meteorologistas vem falando em ocorrência de La Niña a partir da próxima primavera. Se se confirmar um La Niña típico provavelmente haverá aumento na média de produtividade do município. Além do clima espera-se aumento significativo na área plantada com a variedade IRGA 424 RI, de alto potencial produtivo, impactando na média de produtividade”, conclui o chefe do escritório.

 

 

Guilherme Motta