Por trás da cortina: a vida e a história de Marcelo Almeida, o Serelepe

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Em uma noite agradável de Domingo um homem de 45 anos observa atentamente pela janela de sua casa – um caminhão baú adaptado – algumas dezenas de pessoas que começam a se aglomerar em fila. De dentro da sua recente e breve morada montada sob um terreno baldio, o artista Marcelo Almeida já tem a certeza de que a noite será de casa cheia.

Faltando poucos minutos para o início do teatro, é hora de Marcelo sair de cena e se transformar em um dos personagens mais queridos e reconhecidos do estado, o Serelepe. Na reportagem especial desta semana, embarcamos na história de um teatro que excursiona por dezenas de cidades há décadas, deixando como herança por onde passa alegria e boas recordações.

 

Uma família de um talento só

Marcelo não criou o personagem Serelepe. Mas soube compreender e adaptar-se ao legado deixado por seu bisavô, repassado para seu avô e finalmente adquirido pelo seu pai, o lendário José Maria de Almeida, atualmente com 79 anos.

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Aprendeu também a transmitir uma paixão que nasceu com ele e hoje já se manifesta no pequeno Arthur (seu único filho) de 8 anos, ao qual também divide o palco. Aliás, é entre o tapume e algumas dezenas de cadeiras que Marcelo, que estudou até a 5ª série, mostra que a teoria pode até ser importante, mas que é a prática que ensina e forma bons artistas. A “trupe” do teatro serelepe é composta por menos menos 14 artistas.

“Aqui não há divisão entre artistas e equipes de apoio. Todos trabalham pesado, inclusive na montagem da estrutura”, comenta o artista. No ambiente de trabalho – o palco – são mais de 20 peças apresentadas ao público.

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Uma casa nova para o palhaço de sempre

A última e nova montagem (estrutura física) tem pouco mais de dois anos. O local comporta cerca de 200 pessoas e possui climatização.

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“Já passei por muitas coisas. Me maquiei no escuro, fiquei em locais sem água, sem luz. Cancelamos espetáculos por falta de público”, relembra Marcelo ao lado das atuais quatro carretas e três ônibus que a equipe possui. “Apesar de tudo hoje temos mais conforto.

Tenho uma casa – que é um caminhão baú – onde posso organizar minhas coisas, ter uma cozinha, um quarto. Nossa vida não possui endereço, aqui cada um nasceu numa cidade. Este tipo de trabalho é para quem realmente gosta”, cita.

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Bem-vindos à terapia do riso

Pode não parecer, mas Marcelo também é por vezes um “quase” médico. Sua receita não tem contraindicação, e possui altas doses de bom humor. “Temos que ter um padrão de qualidade e, mais do que isso, saber ouvir a opinião das pessoas. Se for preciso, a gente muda o espetáculo”, sugere.

Questionado sobre a fórmula para manter um público fiel por anos e anos, Serelepe é enfático. “Tem que apresentar algo que faça o público sair satisfeito. Só propaganda não faz o público ter vontade. O mundo lá fora está cheio de coisas ruins. Aqui é um lugar para ser leve”.

O teatro Serelepe deve permanecer no município por pelo menos três finais de semana. Os espetáculos tem valores de R$ 10,00 à R$ 15,00. Mais informações e compra de ingressos podem ser adquiridas no local do evento, na Avenida Getúlio Vargas, próximo do acesso ao município.