Polícia Civil instaura inquérito para investigar agressões contra soldado em quartel de Santa Maria

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Foto: Fernando Ramos/arquivo Diário

 

Foto: Fernando Ramos/arquivo Diário

A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar as agressões cometidas por sete soldados contra um colega dentro de um quartel de Santa Maria. O crime foi cometido na última segunda-feira, 18.

Os apontados como responsáveis pela violência, que aconteceu em um alojamento da 3ª Divisão do Exército (3ª DE) do 29º Batalhão de Infantaria Blindada (29º BIB), já foram identificados. Eles fizeram uso de um facão e cordas.

As agressões foram reconhecidas pelo Exército em um exame médico, que as classificou como tendo sido causadas “por meio de tortura, meio insidioso ou cruel”. Os sete foram presos disciplinarmente e licenciados do Exército, ou seja, foram dispensados do serviço militar. A organização militar instaurou uma sindicância para investigar o caso. Leia na íntegra a nota oficial do Exército clicando aqui.

A vítima, de 20 anos, passou por exame médico junto ao Departamento Médico Legal (IML) de Santa Maria na sexta-feira. Ele é necessário, para além da coleta de provas, porque há informações contraditórias quanto aos ferimentos que o soldado sofreu.

Segundo o Exército, o exame médico pelo qual passou “constatou que o militar não apresentou lesões e/ou agravos à sua integridade corporal”. No entanto, o documento ao qual o Diário teve acesso, emitido por um médico perito da organização militar, diz o contrário. Além disso, segundo a Polícia Civil, os ferimentos que o jovem sofreu, principalmente na região das costas e pernas, são aparentes.

Os sete, tratados pela polícia como suspeitos de terem cometido o crime, devem ser chamados para prestar depoimento.

 

OS FERIMENTOS

A família da vítima só ficou sabendo o que tinha acontecido dois dias depois, na última quarta-feira. O soldado agredido havia pedido para que lhe buscassem no quartel, mas não deu detalhes quanto ao que tinha acontecido. Ele é natural de uma cidade da Região Central do Estado, onde sua família reside atualmente, e “deu baixa”, ou seja, foi licenciado do Exército.

Conforme o documento do exame físico feito por um médico do 29º BIB, obtido com exclusividade pelo Diário, o jovem sofreu “ofensa à integridade física”, tendo sido usados “facão e corda”, produzida “por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, meio insidioso ou cruel”. As agressões não teriam lhe causado “debilidade permanente ou perda de sentido”. Em resumo, o médico apontou que: “apresenta pequena equimose sob leito ungueal (parte abaixo das unhas das mãos e dos pés), sem mais lesões e/ou agravos à sua integridade corporal, muito embora tenha referido ter sido agredido com um facão e uma corda, ambos com ação contusa”.

O jovem era um Soldado de Efetivo Variável (Sd. EV), que cumpria o serviço militar obrigatório. O nome dele não será informado pelo jornal para não expô-lo.

Conforme apurado pela reportagem, ele estava deitado na sua cama, em um dos alojamentos do quartel, quando foi surpreendido pelo grupo. Os agressores teriam tirado a vítima da cama e a imobilizado no chão. Enquanto um deles filmava, outros seis cometiam a agressão, com uso de cordas e um facão. A violência teria se estendido por pelo menos 10 minutos.

Quando um oficial de serviço flagrou o que estava acontecendo, mandou, após assistir à gravação, que as imagens registradas fossem apagadas. Um soldado disse para que escondessem o facão e as cordas. Outro oficial prestou socorro ao soldado agredido. A vítima sofreu ferimentos principalmente na região das costas, pernas e mãos.

 

 

Fonte: Diário de Santa Maria