Mãe e padrasto não foram omissos com menina que morreu após estupro, diz delegada

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Foto: Pedro Piegas/Diário


 

Foto: Pedro Piegas/Diário

A Polícia Civil concluiu e remeteu, nesta terça-feira, 17, o inquérito policial que investiga a morte de uma menina de 5 anos após violência sexual.

A morte da vítima aconteceu no dia 7 de setembro. Na época, ela foi levada para o hospital após a mãe perceber que ela não respirava. No Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), ela foi socorrida mas não resistiu. Veja, no vídeo abaixo, a coletiva de imprensa com a delegada Roberta Trevisan, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que conduziu a investigação, e de Sandro Meinerz, delegado regional da Polícia Civil.

 

Suspeito está preso

No mesmo dia da morte da criança, após a investigação dar início a diligências e coletar material genético de pessoas que viviam na mesma casa da vítima, um jovem de 18 anos – filho do padrasto da menina e que morava na mesma casa – confessou o crime. Ele foi preso preventivamente no dia 7 de setembro e segue na Penitenciária Estadual de Santa Maria. Ele foi indiciado por estupro qualificado com evento de morte.

Segundo os delegados, o jovem, que não teve a identidade revelada pela polícia, não tem antecedentes criminais. Ele vivia na mesma casa da vítima há cerca de três anos. De acordo com depoimentos de familiares à polícia, o suspeito já havia falado que queria juntar dinheiro para se casar com a menina e também queria fazer uma tatuagem no braço com a foto da criança.

“Ela disse que na época não deu muita atenção à isso, que poderia ser algo comum. Mas, agora, depois de tudo o que aconteceu, a mãe disse que poderia ser um sinal. Se a gente foi ver, é muito estranho isso, porque era uma criança com paralisia, que não tinha movimentos. Não faz muito sentido essa história de casamento, de tatuagem. Outro fato que chamou a atenção foi o fato do jovem sempre dizer que não queria arranjar outra namorada”, destaca Roberta.

Ainda conforme os delegados, o jovem já havia afirmado aos familiares que havia praticado zoofilia. Quanto à violência contra a criança, não há indícios que o jovem já havia praticado algum crime anterior contra a menina. Porém, há relatos de que ele costumava ajudar a cuidar dela, até mesmo trocando fraldas.

“Violência sexual aparente, com marcas ou ferimentos, não foi registrada anteriormente contra a criança. Mas, vale destacar, que há também outras formas de abuso, como o toque indesejável. Isso não temos como comprovar se já aconteceu anteriormente”, relata Meinerz.

O suspeito não teve nenhum distúrbio psicológico constatado. O resultado do laudo com o material genético do acusado e o material encontrado nas partes íntimas da criança ainda não ficou pronto.

 

Sem omissão

Como moravam muitas pessoas na mesma casa, a Polícia Civil passou a investigar se alguma pessoa tinha conhecimento sobre algum tipo de violência e se os abusos aconteciam há mais tempo. A investigação apurou que não houve omissão neste caso.

“A nossa grande preocupação era apurar se havia omissão, se a mãe, o padrasto haviam se omitido e se a vítima já vinha sofrido algum tipo de abusco. Foram 25 depoimentos, algumas pessoas reinquiridas, ninguém testemunhou o crime e a gente se perguntava como ninguém presenciava”, explicou a delegada.

De acordo com a delegada, profissionais de saúde que atenderam a menina e outros que a acompanhavam a criança há cerca de um ano foram ouvidos e falaram que a mãe levava a criança a todos tratamentos e procedimentos necessários.

Ainda conforme a Polícia Civil, celulares e um computador das pessoas da casa ainda passam por análise para atestar se alguém sabia de algo.

“Foi um dos fatos mais chocantes que tivemos em Santa Maria, pela gravidade, hediondez, por ser uma criança de 5 anos de idade, que não só pela vulnerabilidade, tinha paralisia cerebral, o que aumenta a gravidade”, disse o delegado regional.

 

O que apontou a investigação

De acordo com testemunhas do caso, recentemente a menina tinha tido piora no quadro clínico. Com isso, a mãe a levou para acompanhamento profissional e que, em 23 de agosto ela havia passado por exames médicos. A enfermeira que havia acompanhado a criança nos exames, em agosto, afirma que a vítima não apresentava indícios de violência sexual até então.

“Se a gente tivesse qualquer prova de dolo eventual, aí sim ele seria indiciado por homicídio. Como não temos prova, ele foi indiciado por estupro qualificado. A pena é a mesma do homicídio, de 12 a 30 anos, todavia ele não tinha a intenção de morte, foi o que foi constatado nos autos”, explicou Sandro Meinerz.

O laudo já confirmou que a causa da morte da menina foi asfixia. A polícia acredita que a vítima, que tem dificuldades respiratórias, tenha morrido após o suspeito deitar em cima dela para cometer o estupro. Ainda conforme os delegados, como o berço onde a criança ficava era muito pequeno, a polícia acredita que o suspeito tenha tirado ela do local e levado até o seu quarto, que fica ao lado do quarto onde a vítima dormia junto com a mãe e o padrasto.

 

 

Fonte: Diário de Santa Maria