Ivan Cezar Ineu Chaves

Passado, Presente e Futuro
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Para o célebre filósofo alemão Martin Heidegger o único tempo real é o presente e segundo sua corrente de pensamento – o existencialismo – o ser se resume ao que está aí, no momento e na hora, o fato atual e o acontecimento instantâneo. O resto, segundo esse pensamento filosófico pertence a outras ciências. Se já aconteceu é passado e irá compor o rol de fatos do qual a história como ciência irá cuidar. O futuro se vale de muitas outras áreas do conhecimento que, no máximo, fazem previsões sempre sujeitas à interferências de acontecimentos não previstos.

É certo, contudo, que o presente define os fatos do passado e inspira os acontecimentos do futuro. Talvez, com toda sua imprevisão, o futuro seja o único tempo que recorra à experiências do passado e exija do presente ações concretas, para que possa aquilo que vier a ocorrer ser construtivo (ou não) para o grupo social. Um bom futuro, portanto, sempre dependerá da poupança de realizações estocada no passado e da vigilante atuação dos atores sociais no tempo presente.

Por isso é muito importante que se preste redobrada atenção às lições daquilo que já foi feito e que, na mesma linha, se mantenha uma responsável vigilância sobre o que está sendo feito. O que nos toca na imprensa e como células formadoras de opinião é saber lidar com essas variáveis, fazendo-o com muita responsabilidade e com necessária imparcialidade.

Na imprensa local sempre houve espaço para o enaltecimento do passado. Recordo que meu saudoso tio Mrad Ineu (o Xuxa) escreveu durante muito tempo artigos que destacavam a história local e depois de seu passamento a senhora Kirmá Mota mantém um mesmo estilo de crônica que destaca a São Sepé pretérita nas páginas do mais antigo semanário de São Sepé – o Jornal A Palavra – do qual também fui colunista.

Hoje aqui neste meio virtual de comunicação, “O Sepeense” conta com o acréscimo do Valdiocir Bolzan, que como colunista vem se destacando nessa importante tarefa de resgatar casos do passado de nossa comuna. Alguns, com aspectos mais do que interessantes e, diga-se de passagem, muito divertidos até. De certo, é que eles são preciosos elementos de informação para que possamos entender a dinâmica e a lógica de nossa cidade.

Prestando muita atenção nessas crônicas e conjugando-as com as leituras das notícias da atualidade, certamente podemos todos projetar o futuro de São Sepé. Talvez até mais do que isso. É provável que a dedicada leitura e o atento acompanhamento do que está sendo produzido pelos meios de comunicação possa propiciar uma cobrança e uma interferência proativa dos cidadãos. Nada do passado pode ser descartado, assim como nada do presente pode ser desconsiderado.

Porque é importante utilizar o passado como lição, para que não se cometam os mesmos erros de outrora – coletar o que de bom foi feito e repotencializar aquilo que já deu certo – envolver-se ativamente com os bons projetos em andamento e, sobretudo, descartar tudo aquilo que é escrito em prol de projetos particulares, de interesses privados e, especialmente, de projetos eleitoreiros. Digo isso, porque tudo passa, inclusive cada um de nós, mas fica a obra. Fica a mesma cidade que foi palco de vida para nossos ancestrais e que será também o palco para o teatro da existência de nossos descendentes.