Há quase 33 anos o Cinema Alvorada exibia sua última cena em São Sepé

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Há quase 33 anos a população sepeense dava adeus a um dos locais mais frequentados – e queridos – da história do município São Sepé. No longevo outubro de 1987 o Cinema Alvorada se despedia, deixando na memória de muitos a última cena registrada entre roteiros e saudade. Nas semanas que antecedem a exibição de filmes na modalidade drive in (em função da pandemia do novo coronavírus), a reportagem de O Sepeense conta a história do “antigo cinema”, sediado no coração da cidade.

O pano de fundo é a década de 40, distante nos anos, mas fresca na memória dos irmãos Dilson Brum Cunha, 81 anos, e Tyrone Brum Cunha, 80 anos. Na verdade a história começa um pouco antes, quando Adail Moreira da Cunha (pai de Dilson e Tyrone) resolve adquirir o cinema com o amigo Júlio Vargas, em 1936.

Mas o cinema ainda não era “cinema” já que funcionava no teatro municipal (hoje Fundação Cultural Afif Jorge Simões Filho). Lá, uma sala que recebia até 500 pessoas, boa parte delas impressionada com a estrutura para exibir os filmes. O equipamento, aliás, atravessou o oceano atlântico vindo da Inglaterra até chegar na “terrinha”. A viagem durou 6 meses.

“Quando eu nasci, em 1939, o sócio do meu pai (seu Júlio) disse que não queria mais o negócio. E aí que a gente lembra de como eram as coisas. Meu pai disse ‘ah, isso tu vai me pagando como puder’, era uma relação de muita confiança”, conta Dilson.

Dilson e o pai, Adail Moreira da Cunha

 

Já Tyrone, mais atento à técnica, lembra que o cinema era mudo. “Só depois chegou a tecnologia de sonorização – e que não era ruim já que foi o primeiro do interior do Estado a ter som estéreo. Ah, e a imagem já era na dimensão 16:9, algo que só foi chegar nos televisores comuns há alguns anos”, conta orgulhoso.

Em julho de 1954 a estrutura sai do antigo teatro e vai para um espaço próprio no prédio ao lado. O Cinema Alvorada passava a ter oficialmente uma sede. Ao lado, outro ponto tradicional onde ao invés de filmes, havia alimentação e bebidas – o Café Alvorada.

As exibições eram diárias e, os preços, populares. Por anos e anos, o município de São Sepé esteve no roteiro do circuito cinematográfico com direito a reproduções das maiores distribuidoras de filmes do país.

Na tela gigante, filmes  como os do Teixeirinha que chegavam a lotar três ou quatro sessões. “Além disso o cinema era ponto de encontro. As pessoas se reuniam ali para conversar, dar risada. Era algo muito sadio”, relata Dilson.

As mudanças no mundo com a “explosão” da televisão mudou o cenário, fazendo com que, aos poucos, o cinema deixasse de ser um bom negócio. Em 1987 o cinema encerra as atividades deixando o registro de boas – e inesquecíveis – histórias.

 


*No dia 5 de julho de 2020 o município de São Sepé sedia a exibição de um filme no formato drive in, também nomeado “Alvorada” em homenagem ao antigo cinema. Será no estacionamento do Supermercado Cotrisel e os detalhes você confere aqui.