Fabian Lisboa

A vida de Liam
0
48

Sentado no banco da escola Liam olha os meninos jogando futebol. Ele quer jogar também, mas não pode, ele é invisível. Liam tem tantos sonhos, sonhos simples para um menino de quinze anos, mas que para ele parecem impossíveis de se tornar realidade. Sonha em jogar futebol e fazer um gol, andar de bicicleta, ter um amigo e abraçar sua mãe novamente.

Liam não lembra por que ou quando ficou invisível. Só lembra do dia em que seus pais deixaram de ouvi-lo e seus amigos o esqueceram. Seus pensamentos viajam em um mundo cheio de cores e sons, mas vazio e solitário. Um mundo em que pessoas não o vêem e que gatos são seus únicos amigos. Amigos que podem vê-lo, mas que ele não pode tocar, falar ou pedir um pouco de carinho.

Essa é a vida de Liam, essa é a vida de um garoto que não consegue nem ver seu rosto no espelho. Mas que vai encontrar seu lugar no mundo, sua felicidade, por motivos que o universo insiste em esconder de nós.

Liam sentou no banco da escola como fazia todos os dias para ver seus amigos jogar. O dia passava como todos os outros, às vezes podia jurar que algum dos meninos olhava para ele e que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, mas logo perdia a esperança. Sentia-se sozinho e que a cada dia desaparecia um pouco mais.

Liam levantou do banco e saiu correndo, sentiu que estava chorando, mas não conseguia ver suas lágrimas. Quando não conseguiu mais correr de cansado sentou no meio fio da calçada para descansar. Ele olhou para o outro lado da rua onde existia uma praça abandonada com alguns brinquedos enferrujados e velhos. Um lugar esquecido pelo tempo, como a garota sentada em um dos seus balanços.

Liam a observou, ela parecia triste e sozinha, como eu, ele pensou. Ela devia ter a mesma idade dele, talvez um ou dois anos mais velha. Ele a olhou com admiração e curiosidade e quando seus olhos se cruzaram ela parou nos dele. Liam se assustou, depois do choque timidamente acenou para ela. Passaram-se alguns segundos, quando Liam já se conformava que ela não podia vê-lo como todas as pessoas que ele conhecia… Ela devolveu o aceno e sorriu.

Assim, Liam encontrou seu lugar no mundo, depois desse dia nunca mais sentiu-se triste, nem sozinho, por que descobriu que existem pessoas como ele, invisíveis para uns, visíveis para outros.