Ser vulnerável é ser forte – Francisco Melgareco

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Foto: divulgação


 

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“Não é o crítico que importa. Nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou, ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor. O crédito pertence àquele que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue. Que luta bravamente, que erra, que decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções, mas que, na verdade, se empenha em seus feitos. Que conhece o entusiasmo, as grandes paixões, que se entrega a uma causa digna. Que na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo da grande conquista, e que na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente.”

(Theodore Roosevelt)

 

Não são escritas biografias para medrosos. Nem são erguidas estátuas para críticos. Não são estes que escrevem a história. O mundo pertence aos vulneráveis, e consequentemente, corajosos. Não há maior ato de coragem do que encarar seus medos e “colocar a cara” diante de um mundo cada vez mais crítico e julgador.

Há os que julgam e há os que fazem. Os grandes feitos são para poucos, os resilientes, que sofrem, mas persistem. Que enxugam as lágrimas e tentam novamente. Que não se preocupam em parecerem superiores ou melhores que ninguém. Mas que colocam os seus sonhos e realizações acima do que acham aquelas pessoas que passam a vida construindo pouco e destruindo tudo.

Mostrar-se imperfeito é ser grande. É declarar sua grandeza mostrando que ela é maior que seu medo. Forte não é aquele que não demonstra a dor, e sim aquele que apesar dela segue em frente, juntando cacos e se refazendo cada dia mais forte. É ser capaz de pedir perdão, de admitir erros sem se definir pelos seus fracassos, e sim, mostrar-se capaz de aprender com eles.

“Cuidado para não tropeçar em tudo aquilo que você finge não sentir.”

Vulnerabilidade é risco, incerteza e caos. E somente os vulneráveis são capazes de dominar toda essa “montanha-russa” de sentimentos. Por outro lado, aqueles que tanto se dizem inabaláveis, sabem por si mesmos que todo esse rompante não passa de uma casca, fina e mentirosa. Aquele que sobe mais alto apenas para ser visto, esquece que a maior vantagem de estar lá em cima é poder ver melhor e mais longe.

Ser vulnerável é ser verdadeiro. É conhecer a si mesmo, ter a coragem de ser imperfeito, uma obra em construção. É encarar o vazio que vem naqueles dias de silêncio. É sentar-se com seus problemas toda manhã e ainda oferecer-lhes um café. Ser vulnerável é ser intenso, é viver uma vida que realmente vale cada segundo, é saber que a dor ensina, que o sofrimento engrandece.

Viver é também sofrer. É o adiamento, a espera e a ansiedade. A mudança de rumo, o problema pequeno e o grande. Viver é passar pela vida deixando e recebendo marcas. É estar presente, viver o presente e considerar um presente a vida que se tem. Mas acima de tudo, viver é sentir. E no final, uma vida plena é aquela onde não se lamenta o bem que não fez, o abraço não dado, a frase não dita. Sejamos vulneráveis e imperfeitos, corajosos e fortes.

 

 

Francisco Melgareco