Segurança em foco: entrevistamos o Delegado e perguntamos – até quando?

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O Delegado João Gabriel Parmeggiani Pes está prestes a completar um ano como titular da Delegacia de Polícia de São Sepé. Com 28 anos de idade vive hoje um dos maiores desafios de sua carreira frente a onda de criminalidade que tem assustado os pouco mais de 24 mil habitantes do município. Nesta semana, a reportagem do “Osepeense.com” conversa com o responsável pelo trabalho da Polícia Civil, pelas investigações e (re) capturas de foragidos. Perguntamos o que ele acha do momento vivido na cidade, o que pensa sobre a justiça brasileira e qual sua posição quando se fala em estrutura das polícias.

 


Crimes da TV: não era assim em São Sepé

O município de São Sepé sempre trouxe em seus levantamentos anuais números considerados normais de crimes como furtos, roubos, etc. E não é que eles não existissem, apenas eram em menor quantidade e gravidade. Mas foi a partir de novembro de 2014 que boa parte desses crimes (entre eles alguns assaltos violentos), saíram da realidade de cidades de grande e médio porte e começaram a desenhar a rotina da comunidade. Antes de chegar no município sepeense, Parmeggiani atuou na DP de Cruz Alta. Lá, enfrentou um índice de criminalidade comparável a uma cidade quase três vezes maior que São Sepé. Apesar disso, lembra que a estrutura de trabalho era mais qualificada em número de servidores. Acostumado ao dia a dia do crime – seja ele de maior ou menor complexidade – acredita que uma conjugação de fatores colabora para que se tenha o cenário atual. “Há, de certa forma, a falência do Estado em manter as instituições como deveriam. A sobrecarga existe na Polícia Civil, Brigada Militar e Susepe, assim como na justiça, tudo isto implica em resultados para a sociedade”, explica.

 


O questionamento do trabalho da civil, as leis e as decisões dos juízes

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Parmeggiani disse também que o trabalho dos policiais civis precisa obedecer leis que determinam como as coisas devem se proceder. “Muitas pessoas questionam as prisões em flagrante, por exemplo. Mas devem lembrar que existem alguns elementos que serão analisados caso a caso. Isto também vale para o judiciário, onde temos uma relação bastante harmônica apesar da alta demanda de processos lá também.

Outro exemplo é que em algumas vezes não se considera necessário decretar uma prisão preventiva em decorrência do que aquele indivíduo em questão representa a sociedade e aí existem outros vários fatores. Mas é preciso lembrar que mesmo quando um cidadão é detido e pouco tempo depois solto ele continua respondendo o processo até que este chegue ao trânsito em julgado, que é a última instância”, esclarece. Parmeggiani também destaca que as leis produzem os efeitos que a sociedade presencia hoje. “Não compete a minha área, mas certamente as decisões que os juízes tomam são baseadas tanto nas leis como no entendimento que a jurisprudência brasileira tem demonstrado no país inteiro”, cita.

 


Marcinho, Maria e outra dupla de foragidos

Atualmente a Polícia Civil trabalha com o nome de pelo menos quatro foragidos do sistema prisional em São Sepé. Os dois nomes mais conhecidos são Márcio Vieira Mariano (Marcinho) e Elisandro Rosa Dias (Maria). João Gabriel disse que eles podem estar ligados a boa parte dos crimes, mas que a Polícia trabalha com a coleta de dados para que se possa comprovar a autoria dos fatos. Ele destaca as operações em conjunto com a Brigada Militar e ainda explica que as coisas não são tão simples como grande parte da população acredita. “Nós seguimos com o trabalho paralelo a tantos outros casos que temos que atender. Infelizmente a rede de apoio a eles é grande e as circunstâncias dificultam. Mas em nenhum momento a Polícia vai parar de trabalhar para capturar estes foragidos”, diz.

O Delegado encerra enfatizando que a população é uma grande aliada da Polícia Civil com as denúncias anônimas e que a dedicação é exclusiva para que crimes de maior gravidade possam ser amenizados. “Tanto em contato pelo 197 ou pelo 3233-1188, junto da Polícia Civil, ou até mesmo pelo 190 da Brigada Militar, é possível enviar informações de forma anônima. Tudo que vier a ajudar nosso trabalho é bem-vindo”, conclui.

 

 

 

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