A participação nesta semana no quadro “Por Onde Anda, Sepeense?” é do sepeense Auceri Becker Martins.
“O Sepeense” lembra que este espaço vale também para aqueles e aquelas que não nasceram em São Sepé, mas que de uma forma ou de outra possuem ligações com o município e se sentem sepeenses de coração.
Trajetória
Bem, nasci no hospital Santo Antônio em 2 de janeiro de 1965 e meus pais, Aureci Figueiredo Martins e Maria Olina Becker Martins, viviam em São Sepé desde que casaram.
Após, no início dos anos 70 nos mudamos para Porto Alegre onde cursei Engenharia na PUC e UFRGS até 1988 quando, fui servir como Oficial R2 em São Gabriel, na 13ª CIA COM, onde cursei economia na URCAMP até 1991, quando passei em concurso público para a Polícia Militar do Maranhão.
Como Oficial Combatente da PM fui trabalhar em Balsas, o novo eldorado gaúcho no serrado e, de lá, passei em seletiva para compor corpo de missão de paz da ONU em Angola, onde servi nas missões (UNAVEM III) de retomada do poder e estabilização política do país e (MONUA) que tratava do monitoramento do país no pós conflito, com missões humanitárias, eleitorais e de desarmamento dos ex combatentes da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola).
Ao retornar ao Brasil comandei a PM em algumas cidades do interior do estado até 2003 quando, novamente fui chamado pela ONU para missão de paz , desta feita, a UNMIK no Território do Kosovo (antiga Yuguslávia), o qual estava em conflito armado entre Sérvios e Albaneses. Lá tive a oportunidade de ser o comandante do contingente brasileiro e também de uma das células de policiais de várias nações, no restabelecimento da ordem civil, durante os graves conflitos de 17 de março de 2004, no qual muitas pessoas morreram em combates nas ruas da cidade de Pristine, Capital do Kosovo.
Em 2005, de volta ao Brasil, comandei a Polícia Rodoviária Estadual do Maranhão até 2010, intervalo em que alcancei a graduação em Pedagogia que me habilitaria a comandar as Academias de Polícia. Mais uma vez chegou o chamado das Nações Unidas e fui para o Timor Leste compor a missão de paz (UNMIT), onde trabalhei no PSDO (Assuntos Internos), investigando desvios de conduta policial por membros das Nações Unidas e da PNTL (Polícia Nacional do Timor Leste). De retorno ao Brasil a à PMMA, em 2014 passei a trabalhar em uma unidade de ensino, o CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da PMMA), onde atualmente, no posto de Tenente Coronel, presto meus serviços como comandante.
O que lhe motivou a sair de São Sepé?
Na verdade quando saí não tinha idade nem querer. Minha família mudou-se para Porto Alegre, pois meu pai passou no concurso para o Banco do Brasil e foi transferido.
Quantas vezes ao ano vem a São Sepé?
Costumo ir a São Sepé de uma a duas vezes ao ano pois meus tios e primos ainda residem na Rua Riachuelo e possuem uma propriedade na zona rural, coisa que eu sempre gostei. Os dias aí na minha terra são extremamente agradáveis pelo convívio com as pessoas de minha juventude além de uma ou outra pescaria que dê tempo de agendar.
Pretende ainda voltar algum dia, para morar?
Estou prestes a terminar meu tempo de ativa na PM aqui no nordeste e pretendo voltar a morar no Rio Grande do Sul. Isso é certo! A cidade ainda não sei, pois a serra gaúcha também me atrai.
O que acha de nossa cidade?
Sou filho de São Sepé e gosto sempre de deixar isso patente. O nativo de São Sepé tem uma propensão ao egocentrismo toda peculiar e eu não sou exceção. Tudo de bom e de melhor, sempre acontece ou é da nossa terra.
Escrevi algumas crônicas sobre meus dias de guri e adolescente em São Sepé com tios e primos. As baladas no Clube do Bento e os carnavais do Comércio. Ainda hoje leio o Bairrista Sepeense, sempre que posso e participo de grupos de nativos que se encontram distantes.
Meu pai trabalha atualmente na nova roupagem de uma canção sepeense tradicional, aqui junto à Banda Marcial da PMMA e, muito em breve, a gravação chegará aos ouvidos dos meus concidadãos.
Sinto saudades das famílias colhendo pitanga nos arredores da cidade, dos banhos no Amélia e de comer guabirova no campo, lá na Fazenda Rincão do Quebras, no Tupancy. E na oportunidade, como desgarrado do pago que virei, gostaria de mandar abraços aos Tios Ângela e Netto e aos primos Mire, Adriana, Luciane e Rodrigo Martins, todos, desde sempre, radicados em minha terra natal.