Projetos resgatam autoestima de apenados do presídio de São Sepé

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Diferentes projetos desenvolvidos no Presídio Estadual de São Sepé têm sido desenvolvidos nos últimos meses e resgatam a autoestima dos apenados. As iniciativas acontecem dentro da casa prisional e possibilitam que os presos, que retornarão à sociedade, se sintam valorizados.

De acordo com a diretora da casa prisional, Vanessa Saccol, e a assistente social Michele Lopes, são realizadas oficinas de xadrez, através da Escola Julieta Balestro, que é um braço da Penitenciária Estadual de Santa Maria, e de fanzine, em parceria com o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de São Sepé. Ambas oficinas ocorrem a cada 15 dias. O trabalho conta ainda com supervisão do chefe de segurança, Márcio Cleber Dutra.

“O processo de ressocialização do apenado é uma ação extra muros e prevê o envolvimento da comunidade. É uma forma lúdica de colocar o apenado em uma situação de reflexão sobre a própria história de vida”, destaca Michele.

Além das oficinas, outro trabalho que é desenvolvido no presídio de São Sepé são as ações em saúde. Profissionais da Unidade Básica de Saúde do Bairro Tatsch vão até o local realizar testes rápidos de Sífilis, HIV e Hepatite, por exemplo. Em caso de diagnósticos positivos, os apenados recebem acompanhamento e tratamento de saúde. “As questões de saúde preventiva são uma garantia de acesso muito importantes dentro do presídio”, salienta a assistente social.

Outro fator que contribui para a melhoria do ambiente prisional é a questão espiritual. De forma frequente palavras de fé e de religiosidade são levadas ao apenados através do Padre Gerson Gonçalves, da Paróquia Nossa Senhora das Mercês e de igrejas como a Igreja Mundial do Poder de Deus. Atendimentos psicológicos e jurídicos são oferecidos pela Superintendência de Serviços Penitenciários (SUSEPE).

Ações como confraternizações em datas comemorativas no Natal, Páscoa e Dia dos Pais, por exemplo, também envolvem a comunidade carcerária. No próximo dia 8 de outubro, para celebrar o Dia das Crianças, haverá distribuição de brinquedos, refrigerante e pipoca para os filhos e filhas dos apenados. “No Dia dos Pais as crianças foram recepcionadas com bolos e balas. Isso ajuda o ambiente a não se tornar inóspito”, comenta Michele.

Outro ponto defendido no presídio é a educação. No local funciona uma sala de leitura repleta de livros. Além disso, há um projeto sendo discutido em parceria com a 8ª Coordenadoria Regional de Educação para que seja construída uma sala de aula e que os presos possam concluir seus estudos, já que muitos estudaram até a 5ª série do ensino fundamental. As provas do Encceja, que ocorrem em outubro, possibilitarão que o preso garanta o certificado de conclusão do ensino médio.

Ao lado da casa prisional funciona uma horta que é cultivada pelos apenados que cuidam da manutenção das plantas e cozinham a própria comida que é servida para os demais detentos e para os funcionários do presídio. Além disso, os apenados desenvolvem serviços de limpeza, pintura, troca de lâmpadas e manutenção. Três dias trabalhados reduzem um dia da pena. Laranjas e verduras produzidas no presídio são doadas esporadicamente ao Lar do Idoso São Vicente de Paulo, Escola Padre Théo e a Paróquia Nossa Senhora das Mercês. Os apenados ainda trabalham na confecção de peças de artesanato. Os familiares deles levam os materiais e vendem.

“O maior inimigo da ressocialização é o estigma que a própria sociedade impõe (rótulo). Com estas ações o aspecto do preso muda e eles precisam demonstrar interesse para que possam participar dos projetos”, comenta.

Fanzines

Segundo a assistente social, grande parcela dos 82 presos não concluiu o ensino fundamental e entrou para o mundo do crime em razão das drogas. No entanto, muitos se dizem arrependidos do que fizeram e querem ter uma segunda chance, precisam de oportunidade.

O próximo projeto a ser desenvolvido pretende contar com uma parceria da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Administração e Fundação Cultural Afif Jorge Simões Filho. O objetivo é de que os apenados confeccionem enfeites de Natal com garrafas pet para que sejam utilizados nas ruas de São Sepé. Uma primeira reunião para tratar do tema já aconteceu.

O presídio de São Sepé aceita doações de todo tipo de materiais como jornais, revistas, produtos de higiene e limpeza, roupas, calçados, além de mudas, sementes e defensivos para o cultivo da horta.

“Todos os projetos ajudam a sociedade a ter outra visão do preso. Muitas vezes eles só precisam de oportunidade”, pondera a diretora da casa prisional.