Por que é importante existir uma data especial para a mulher?

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Estabelecido pela ONU em 1977, o Dia Internacional da Mulher foi criado para destacar e reconhecer a importância do sexo feminino na sociedade. De lá pra cá muitas coisas mudaram. A mulher conquistou direitos que antes eram negados: votar, trabalhar, casar, e até mesmo separar, desempenhar funções sem a autoridade masculina.

Diante de tantos avanços, por que é necessário um dia dedicado à mulher? As respostas são muitas. O 8 de março é uma data política para reafirmar os direitos obtidos pelas mulheres, que continuam lutando por uma sociedade igualitária.

A violência que assusta e precisa ser combatida

O Brasil ostenta hoje a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. A violência contra a mulher é um dos maiores desafios enfrentados por elas. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são 4,8 assassinatos para cada grupo de 100 mil mulheres, ou 13 mulheres mortas por dia no país. O estudo revela que metade dos crimes são cometidos dentro de casa, a maioria praticados por parceiros ou ex-companheiros. Outro fator que revela a vulnerabilidade do sexo feminino, é o número de estupros. Em 2014, o fórum mostra que foram registrados 48 mil casos, ou seja, um estupro a cada onze minutos. No entanto, muitas não registram queixa na delegacia e os números podem ser maiores. Segundo pesquisa do Disque 180, 77% das mulheres afirmam já terem sofrido algum tipo de assédio sexual.

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A mulher na política

 Há um ano entrava em vigor a lei 13.104/15 que torna o assassinato de mulheres um crime de homicídio. Com isso, o feminicídio passou a ser considerado um delito hediondo, de extrema gravidade. A aprovação do projeto foi tida como uma vitória da bancada feminina no Congresso Nacional. Vale lembrar que no parlamento, apenas 10% corresponde a mulheres. Um número baixo, que precisa ser mudado, já que o sexo feminino busca maior representação na política, parar tratar de assuntos como o feminicídio entre outras discussões que se arrastam no Congresso, mas não ganham voz em plenário.

Em São Sepé, por exemplo, Júlia Vargas foi a única representante do sexo feminino a ocupar o cargo de prefeita da cidade, entre os anos de 2000 a 2004. Na Câmara de Vereadores, a taxa de ocupação por mulheres também é baixa. Nomes como Odeci Saldanha, Lenita LaRocca, Shirley Teixeira, tiveram seu espaço no poder legislativo. No entanto, muitas outras esbarram nas urnas e adiam o sonho de ter um plenário igualitário.

A legislação obriga que 30% das vagas dos partidos para candidaturas sejam reservadas as mulheres. Mas a polêmica é que muitas vezes a ocupação acontece somente para preencher vagas às vésperas das eleições. Ainda que elas tenham obtido o direito de votar, é contraditório saber que elas precisam de respaldo na lei para se candidatar a cargos eletivos.

Campanhas para alertar e proteger 

Para garantir que suas vozes sejam ouvidas, as ruas se tornam palco de grandes manifestações promovidas por grupos feministas, que reivindicam direitos e discutem o respeito às mulheres. Diferentemente das rosas e bombons, o sexo feminino ganha campanhas publicitárias que destacam a violência doméstica e outras barreiras como a igualdade de gêneros.

Na semana passada, a Ariel lançou um comercial que correu o mundo e chamava a atenção para uma pergunta pertinente: por que só a mulher tem que lavar a roupa suja? Para responder a questão, a propaganda traz um pai que ao perceber as multifunções da filha, em casa, revê seus próprios conceitos e consequentemente reflete o papel dos homens dentro de casa. Ou seja, uma reflexão para que as tarefas sejam divididas, na injusta diferença do homem e da mulher dentro de uma família. Veja aqui

Em novembro do ano passado, a ONU em parceria com a Rede Globo lançou uma campanha de enfrentamento a violência.  “A cada 15 segundos uma mulher cai da escada, escorrega no banheiro ou tropeça no tapete. E a cada uma hora e meia uma mulher não sobrevive para contar a próxima desculpa”. Com este alerta, a campanha aponta a importância da denúncia das agressões. Veja aqui

A polêmica do “shortinho”

Em março deste ano, um grupo de alunas do Colégio Anchieta, em Porto Alegre, protestou contra a medida da instituição que proibia o uso de shorts nas dependências da escola, sob a alegação de que as vestes femininas distraíam a atenção dos meninos. A advertência gerou revolta e muitos protestos, tanto nas ruas quanto nas redes sociais. Grupo a favor e contra se manifestaram.

No entanto, o cerne da questão abordada pelas alunas vai além das roupas usadas por elas. O que os grupos feministas defendem é o respeito acima de tudo, ou seja, levantam a questão sobre o papel que a mulher exerce na sociedade, para se proteger dos preconceitos e assédios morais e físicos, que resultam em violência. O uso do short ou qualquer outra peça do vestuário feminino é pautado no debate moral, enquanto as feministas buscam discutir o valor ético de suas participações na comunidade.

  • Texto: Mateus Barreto

Guilherme Motta