Nos dias 21 e 28 de novembro, mais de quatro milhões de jovens vão prestar a tradicional do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Desde 2020, a prova é realizada em duas modalidades, física (impressa) e digital (no computador). Este ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, o Inep, responsável pela prova, cerca de 101 mil estudantes farão a versão virtual do exame.
A prova do ENEM serve para ingresso em universidades públicas por meio do Sistema de Seleção Unificado, o SISU, bolas em universidades privadas com o Programa de Ingresso a Universidade, o PROUNI, e também, financiamento estudantil, FIES.
Divida em 180 questões, a prova é realizada em dois domingos. No primeiro dia, o candidato precisa fazer uma redação dissertativa argumentativa e responder 90 questões de múltipla escolha, dividas em 45 de ciências humanas (geografia, história, filosofia e sociologia) e linguagens e códigos (língua portuguesa, literatura e língua estrangeira). Já no segundo domingo, serão 90 questões, 45 de matemática e suas tecnologias e 45 de ciências naturais (física, química e biologia).
ESCÂNDALOS E SEGURANÇA
O Brasil é um país continental, por conta da extensão territorial brasileira, há lugares de difícil acesso. Em certos pontos do país, servidores viajam horas em barcos para que todos tenham acesso a prova.
Criticada por muitos professores e especialistas por não ser segura, a prova do ENEM enfrenta muitos problemas em sua estrutura. Do vazamento de questões, redações com receita de macarrão instantâneo e hinos de time de futebol, com nota máxima. Por conta disso, o exame já foi posto em xeque diversas vezes.
Nas últimas semanas, funcionários do Inep pediram demissão em massa alegando pressão do governo e até censura em relação a construção da prova. No último domingo, faltando exatamente uma semana para o primeiro dia do ENEM, o Fantástico, revista eletrônica dominical da Rede Globo, teve acesso com exclusividade a depoimentos de servidores públicos denunciando assédio, opressão e intimidação por parte de membros do Ministério da Educação (MEC).
As denúncias partiram de um grupo que, com medo de mostrar o rosto, alegou sofrer diversas tentativas de manipulação do exame. Um dos servidores relatou censura em questões da área de ciências humanas. De acordo com o relato, o MEC tentou mexer em, pelo menos 22 questões.
ROTINA DE ESTUDOS E PANDEMIA
Ser avaliado não é fácil. Se preparar para uma prova do tamanho do ENEM requer além de estudo, saúde mental e física. Exaustão, medo e incerteza teimam em aparecer na rotina de quem se dedica a prova. Na reta final, o nervosismo e o stress são vilões que os estudantes querem excluir.
Ana Julia Rosa de Andrade tem 17 anos e deseja ingressar em medicina. A jovem conta que estuda cerca de 10 horas por dia, mas nessa reta final, vai diminuir a intensidade do estudo para descansar o corpo e a mente. “Vou somente revisar o que eu já sei e vou focar em resolver exercícios das matérias que eu tenho mais dificuldade”, conta, acrescentando que vai procurar ler sobre os tópicos que ela julga importante e possíveis de caírem como tema na prova de redação.
O modo como cada estudante encara essa etapa é diferente. Bruna Copês busca uma vaga em direito, tem 18 anos e está no terceiro ano do ensino médio, a jovem comenta sobre as dificuldades dos dois últimos em relação as incertezas da pandemia. “Foi difícil, uma rotina incerta de estudos com alterações das aulas remotas e presenciais, devido aos decretos estaduais que mudavam a todo momento”, explica.
Por conta das dificuldades do ensino à distância por causa do coronavírus, a expectativa dos estudantes e professores em relação a prova do ENEM é que a banca seja justa com um exame que entenda os obstáculos dos últimos dois anos. Bura espera uma prova mais técnica e objetiva. Ana Júlia aposta na empatia e entendimento dos responsáveis pela elaboração da prova com um concurso equânime.
Beatriz Pires Corrêa tem 17 anos e sonha ser professora de matemática ou química. A jovem vestibulanda já ministra aulas particulares de reforço escolar das áreas das exatas, tem uma rotina intensa de estudos e revisão. “Acredito que o nível de dificuldade do ENEM 2021 será igual ao último. Eu fiz o ENEM 2020 como teste, a prova foi tranquila e empática, penso que a prova deste ano será assim novamente”, relata.
PROVA DO ENEM
A prova do ENEM é conhecida por questões com textos enormes, que deixam a experiência de fazer a prova cansativa. Além disso, a pressão de familiares ou do próprio candidato pode provocar stress e sobrecarga no estudante.
A psicóloga Giulia Giuliani aponta que conversar com amigos e relaxar é um método eficaz para aliviar o nervosismo. Porém, a profissional alerta que há limites que precisam ser respeitados e o auxílio com especialista na área ajuda a lidar com essa intensidade de emoções que uma prova da magnitude do ENEM provoca.
Giulia explica que a insegurança nesta etapa na vida é normal e que a família e amigos próximos podem servir como base. “O apoio dos familiares ou pessoas mais próximas também são importantes nesta etapa para que o estudante se sinta mais confiante e valorizado no meio em que vive”, diz.
O Jornal O Sepeense vai divulgar nos próximos dias vídeos com dicas curtas para o ENEM. Vale lembrar os estudantes que a prova do ENEM é só mais uma etapa de muitas outras que estão por vir. A vida esta só começando, boa prova!
