O seu verdadeiro inimigo – Igor Trindade de Souza

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* Igor Trindade de Souza – estudante do 9º semestre de Direito da FAPAS

Em nossos dicionários de língua portuguesa conceitua-se a palavra inimigo atrelando-a sinônimos como concorrentes, adversários, opositores, que aborrece ou que nos querem mal. Talvez seja um simples déficit de interpretação, mas me parece que a palavra conceituada é direcionada exclusivamente as pessoas que por algum motivo, não estão mais próximas da gente.

Acreditar cegamente em conceitos, independentemente das fontes, é limitar a capacidade de pensar. Nem sempre encontramos “do outro lado na moeda” inimigos, mas uma das maiores causas de inimizades é a incessante busca pela razão, onde normalmente dois indivíduos argumentam incansavelmente com a finalidade de provar que a sua verdade, é mais verdade que a verdade do outro. Pecamos gravemente quando impomos nossas conclusões sem ao menos conhecer o motivo pelo qual o outro pensa de forma diferente da nossa. Temos que ter a consciência de que as pessoas possuem conhecimentos diferentes dos nossos e que juntos podemos conhecer muito mais, mas principalmente, que ninguém poderá conhecer tudo que pode ser conhecido.


Só existem duas verdades plenas na vida! A primeira é a morte, pois todos sabemos que um dia o nosso tempo acaba, independentemente dos planos não concretizamos, de sonhos não realizados, de reuniões agendadas ou até mesmo de frases não ditas. A segunda é que, simplesmente tudo pode sofrer alteração, menos o fato de que um dia o nosso tempo acaba.

A partir do momento em que notamos que o nosso relógio vital está em contagem regressiva, me convenço que o tempo é nosso maior inimigo, se for mal utilizado, é claro. No início de nossas vidas somos tomados por uma ilusão de abundância de tempo que resulta em erro, agregando demasiadamente importância a coisas que possuem simplesmente preço ao invés de valor. Independentemente de qualquer religião seguida, Jesus Cristo nos ensinou que a vida que vale a pena, é a vida dedicada ao outro, sendo assim, você deve fazer com que a vida da outra pessoa seja melhor do que se não houvesse você inserida nela, proporcionando então, um sentido na sua existência.

Normalmente encontramos apenas duas pessoas dispostas a doar-se incondicionalmente ao nosso crescimento, sendo elas, os nossos pais. Costumo relacionar o amor com a utilidade, porque você só pode dizer que ama alguém, quando ela for completamente inútil para você, e você permanecer sendo útil para ela, ou seja, a existência do amor é incondicional a existência de reciprocidade. A maior prova disso, pode ser resumida em um velho ditado onde diz: “Um pai cria dez filhos, mas dez filhos não criam um pai”.


Com isso, abstenho-me da conclusão com a finalidade de apologizar a reflexão, mas exponho a última estrofe da música “Trem Bala” como ponto inicial do exercício – “Segura teu filho no colo. Sorria e abrace teus pais enquanto estão aqui. Que a vida é trem-bala, parceiro. E a gente é só passageiro prestes a partir.”