Os temporais que atingiram a região nos últimos dias seguem causando prejuízos, preocupação e indignação por parte de moradores de localidades do interior de São Sepé e Caçapava do Sul. Em alguns casos, há residentes da área rural com aproximadamente oito dias sem energia elétrica.
Moradores procuraram a reportagem de O Sepeense para relatar os transtornos causados pelos temporais dos últimos dias. Há relatos de postes caídos, cabos rompidos, dificuldade em conseguir atendimento com a concessionária de energia e alimentos começando a estragar.
Um dos relatos chega da região do Cerrito do Ouro, a cerca de 6 quilômetros da BR-290, no interior de São Sepé. Naquele ponto existem 12 casas. A luz voltou para 10 imóveis no início da semana e outras duas casas continuaram sem luz. Segundo a moradora Marielza Ilha Casanova, o local onde ela reside e de um vizinho estão há pelo menos seis dias sem luz.
Marielza conta que uma equipe da RGE foi até o local no início da semana e consertou uma “chave” caída, porém a luz voltou para os 10 vizinhos. Duas casas, incluindo a de Marielza, continuaram sem luz. Segundo a moradora, um cabo está “escapado” no local.
A moradora diz que precisa armazenar insulina e está sem geladeira e o pouco de gelo que foi colocado dentro de uma caixa de isopor estava acabando. Além disso, ela e o marido, Gelson Bolzan Casanova, carnearam uma vaca há cerca de 10 dias e estão com dois freezeres cheios, com medo que o alimento estrague por falta de refrigeração. O casal de vizinhos, Paulo Ilha e Helena Ferreira, que são vizinhos de Marielza, estão na mesma situação.
Marielza disse que já mandou diversos torpedos e ligou para a concessionária de energia, porém sem sucesso. Os moradores temem que a falta de luz se repita por mais dias, aumentando os prejuízos.
Sobre a situação do Cerrito do Ouro a RGE enviou a seguinte nota
“Alguns locais tiveram a energia restabelecida devido a manobras efetuadas pela RGE, colocando os clientes em outras redes, através de sistema monitorado remotamente. Os que estão sem energia são aqueles que não forem possíveis manobrar.
Esse procedimento é feito para que o tempo de espera pelo cliente diminua, até que os consertos sejam concluídos. Equipes da RGE estão trabalhando nessa rede para concluir os consertos, que envolvem troca de poste. Quando tudo estiver pronto todos os clientes terão o fornecimento normalizado.”
Caçapava do Sul
Em Caçapava do Sul a situação também é de indignação e prejuízos no interior do município. Os relatos chegam do presidente da Associação dos Produtores Rurais do Santa Barbinha, Ivori Ilha Machado. Lá, há quatro postes caídos, três cabos rebentados e em torno de 60 moradores sem luz há aproximadamente oito dias.
Ivori e os demais moradores da localidade reclamam da falta de manutenção, já que os postes que caíram com o vendaval são de madeira e estavam com suas bases podres.
“A luz voltou nessa madrugada em uma parte, mas de 60 a 70 moradores permanecem sem luz. Estão perdendo os alimentos, quem pôde, conseguiu levar para a cidade”, relata o presidente da Associação.
Os moradores reclamam das dificuldades de entrar em contato com a concessionária de energia. “Ficamos uma hora no telefone. Acho que faltam mais equipes para atender nestes casos. Temos 26 famílias com água comunitária e a caixa d’água já secou. Tem idosos de 80 anos tendo que esquentar água na chaleira e tomar banho de bacia”, desabafa Ivori.
A falta de luz atinge as localidades de Maricá, Megatério, Coxilha da Árvore e Santa Barbinha. Estes locais ficam a cerca de 20 quilômetros do Cerrito do Ouro, no território pertencente a Caçapava do Sul.
O presidente da associação diz que uma equipe da concessionária de energia passou pelo local em uma caminhonete. Segundo Ivori, em alguns lugares os funcionários tentaram arrumar, mas 50% da localidade permanecia sem luz neste sábado.
Em uma propriedade rural uma vaca morreu eletrocutada por causa do rompimento de um cabo energizado.
