José Brum

A morte na visão da Umbanda
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Em primeiro lugar o que ocorre é a morte de nosso corpo carnal, não morremos, apenas mudamos do plano material para o plano espiritual, sendo assim, continuamos a ser o que éramos antes, com os mesmos defeitos e virtudes.

A irradiação de Pai Omulú, responsável pela paralisação dos seres, envolve o ser e corta o cordão de prata que liga o espírito ao corpo, paralisando a vida material. Logo em seguida o ser é envolvido pelas irradiações de Pai Obaluayê, responsável pela evolução dos seres, que o o transportará para a dimensão espiritual e para o nível condizente com sua vibração mental.

O seu grau de consciência o ligará ao nível vibratório que ele irá permanecer após o desencarne (cada um no seu lugar de merecimento).

Alguns podem ser transportados para as colônias espirituais para o refazimento, outros se mantém junto ao corpo físico, pois, por não acreditarem em vida após a morte, mantém seus mentais presos a vida material, ou ainda, por suas baixas evoluções, presos as pessoas e vícios que aqui deixaram.

Por não conseguirem mais, sem o corpo físico, absorver o prana (energias), os espíritos de baixa evolução continuam a sentir fome, sede, dores, sono e falta de seus vícios (fumo, bebida, drogas, sexo) e não conseguem se reequilibrar, vão negativando mais seus mentais, caindo cada vez mais de níveis vibratórios.

Estes espíritos são chamados de EGUNS, embora no Candomblé todos os espíritos de pessoas desencarnadas são Eguns, inclusive nossos Guias Espirituais, pois já estiveram encarnados na terra.

Muitos são os trabalhadores espirituais que ajudam de diversas maneiras estes espíritos, primeiramente tentam esclarecê-lo das verdades espirituais e encaminhá-lo para colônias de tratamento, se não conseguem, aguardam que este espírito adquira um maior grau de consciência para tentar nova investida.

Os acessos destes trabalhadores aos planos negativos são feitos pelos Exus que trabalham para a Lei naqueles níveis vibratórios, executam as ordens do Alto fazendo com que aqueles seres expurgam todos os seus vícios e se libertem, tomando assim consciência dos seus erros, faltas e vícios.

Como se aproxima o dia de finados em que multidões irão homenagear seus entes queridos é bom saber que: o cemitério é um lugar sagrado em todas as religiões e é um ponto de força muito usado por nós Umbandistas.

Também chamado de Calunga Pequena, Calunguinha ou ainda Campo do Pó ou Campo Santo é nele que as coisas se transformam, se transmutam.

No espiritual existem vários pontos de forças, vários locais vibratórios, e o cemitério é um deles, trocando em miúdos é um portal para uma seara, uma egrégora energética, lugar onde as vibrações de Omulu (morte, paralisação) e Obaluaye (evolução, transmutação) dão sustentação, onde encontramos as forças de Nanã Buruque, Yansã das Almas, Ogum Megê e de muitos outros orixás que atuam na evolução dos seres. É Uma Campina Aberta (Oxalá e Oyá Tempo) cercada de árvores (Oxossi) com concentração de terra (Obá).

Nesta seara não existe túmulos, campas ou covas, é um lugar onde as energias estão mais concentradas, mais densas, pois estão atuando o tempo todo na transformação, na transmutação da vida material para a vida espiritual. Por esse motivo sentimos o ar mais “pesado” quando estamos em um cemitério.

Não há motivo para sentirmos medo, pois é um dos pontos de força mais movimentado e protegido. Trabalhadores espirituais estão o tempo todo atuando, esclarecendo, curando e encaminhando os recém desencarnados.

Nós Umbandistas, cientes do poder deste ponto de força costumamos fazer oferendas para esses Orixás ou para estes Trabalhadores (sejam eles Exus, Pomba Giras, Caboclos, Boiadeiros…) e pedir pela paralisação (morte) de nossas doenças, vícios, tristeza, para transmutar nossos sentimentos negativos ou encaminhar algum espírito negativo que esteja atuando em nosso campo mediúnico.

Quando entramos em um cemitério, saudamos as forças atuantes para demonstrar nosso respeito e devoção.
Saudamos e pedimos licença ao Exu Sentinela daquele cemitério para entrarmos no campo guardado por ele. Quase todo cemitério possui um Cruzeiro, ou ponto central, e é a partir dele que as energias são irradiadas.

Obaluayê irradia a direita do Cruzeiro e lá novamente ele é saudado e oferendado.

Omulú irradia à esquerda. Salientamos que na umbanda não há sacrificio animal.

 

Meu fraterno abraço

Pai José de Xangô