Ivan Cezar Ineu Chaves

Um outro Brasil
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Há muito tempo que escrevo sobre o Brasil no qual vivo e que é o mesmo País onde vive a enorme maioria dos brasileiros que atuam no setor privado. Mas que não é, absolutamente o mesmo Brasil onde vivem alguns privilegiados que ganham salários e benefícios do setor público.

Recebem remunerações que superam entre vinte ou até cinquenta vezes o valor do salário mínimo. Não bastasse isso, trabalham com a tranqüilidade de saber que na aposentadoria não perderão nada, isto é, irão receber na inatividade o mesmo valor do serviço ativo.

Mesmo assim estão eternamente insatisfeitos. Volta e meia, como se diz no popular, fazem até greve reivindicando mais e mais… Alguns segmentos como, por exemplo, Magistratura e Ministério Público chegaram a incorporar um generoso Auxílio Moradia.

Enquanto isso, nós – os brasileiros comuns – temos de nos conformar com uma aposentadoria que tem um “teto” que no passado já foi de dez salários mínimos e que hoje mal chega aos seis salários. E, como se fosse pouco, o valor do “benefício” é corroído ano a ano pelo malvado Fator Previdenciário que, na prática, tem a capacidade de matar toda aposentadoria em um salário mínimo bastando para isso que o beneficiário “invente de durar muito”…

De lambuja, no parlamento aprovam-se benesses imorais, asquerosas, como o recente anúncio de pagamento de passagens aéreas para cônjuges de Deputados. Mas o que é isso?!

Esse outro Brasil que definitivamente não é o mesmo País em que vivem noventa por cento dos brasileiros comuns, Profissionais liberais, micro e pequenos empresários, operários, donas de casa não consegue entender as atitudes tomadas pelo pessoal que vive neste outro Brasil e que parece ter se acomodado dentro de uma espécie de ilha utópica.

Nos tornamos, definitivamente reféns dos interesses construídos pelo espírito de corpo das instituições públicas altamente organizadas que se locupletam do tesouro público. É a hora e a vez de dar e emprestar apoio a todos aqueles que tomarem iniciativas claras com vistas ao enfrentamento desses privilegiados que estão impondo a todos os outros brasileiros um destino que não é compatível com os anseios de um povo livre.

Até quando teremos de ouvir de todos os governos eleitos, seja qual for a sigla do partido político, reclamos e lamúrias no sentido de que todo o dinheiro arrecadado com os impostos taxas e contribuições vai para o pagamento de salários e benefícios aos funcionários públicos. É chegada a hora e a vez dos brasileiros comuns – reféns dos brasileiros privilegiados – buscarem sua libertação.

Para isso é necessário compreender que a cobrança não deve ser dirigida só aos políticos em situação de governo, mas para toda a classe política, inclusive aos que cumprem o papel de oposição.