Ivan Cezar Ineu Chaves

Erros e acertos
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Eles são comuns em toda e qualquer história de vida e podemos afirmar que nossa existência está atrelada aos erros e aos acertos. Apenas variações de intensidade e de alternância temporal fazem a diferença das biografias. De certo modo, somos – todos – uma fria e objetiva síntese desses dois conceitos.

Se as palavras pudessem resumir o extrato do que já foi vivido, parece crível que esses dois vocábulos se apresentariam como anfitriões aptos para receber a visita de muitas outras palavras, a eles associadas. Errar e acertar, por exemplo, nas escolhas – quer melhor palavra que essa: a escolha.

Escolher certo ou errado o produto que foi objeto de tão longo desejo pode não ser tão nocivo quanto escolher errado a pessoa a quem confiamos nossos mais caros segredos ou hipotecamos nossa mais sublime solidariedade.

E o que dizer da palavra decisão quando associada a esses dois vocábulos. Erramos ou acertamos nas nossas decisões, implicando isso em tantos desdobramentos quanto possíveis dentro do leque da razão humana ou da imprevisibilidade atrelada à irracionalidade de certos eventos…

Acertamos sempre quando cultivamos o melhor de nós em prados alheios e erramos sempre quando julgamos precipitadamente aquilo que não entendemos em território estranho.

Aprendemos muito quando aceitamos sem o ranço do rancor os erros passados e erramos na mesma proporção quando vencidos pelo orgulho repetimos tropeços apenas vestidos com roupagem diferente, mas comparecendo à mesma festa do mesmo e imutável demônio.

Duas – só duas – expressões que me inspiram a escrever este texto , num momento em que vencido um fragmento significativo do tempo de estadia que Deus me concede , olho para trás e tenho de me submeter ao balanço. É a contabilidade comum aos vivos, da qual não me arredo, errando ou acertando, mas escrevendo sobre a parte que me toca na amplitude da extensão semântica desses vocábulos.