Fazenda da Tafona é reconhecida como Patrimônio Histórico do RS

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Foto: divulgação/Sedac

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Quem olha a estradinha de chão batido, distante 17 quilômetros do centro de Cachoeira do Sul, não imagina que ela leva a um tesouro: com paredes brancas e aberturas em terracota, a casa do início do século 19 vai tomando forma no horizonte. Rodeada por açudes e campos onde pastam ovelhas, cavalos e bois, a Fazenda da Tafona é a representação de um passado distante, quando o Rio Grande do Sul era dividido em sesmarias e aos poucos começava a ser povoado por diferentes etnias, entre elas, a portuguesa.

“Aqueles que passarem pelo interior de Portugal vão ver muitos lugares idênticos a este. É incrível encontrar aqui tantos elementos presentes no nosso dia a dia do outro lado do oceano: o estilo das janelas, do telhado, do piso”, comentou impressionada a vice-cônsul do país, Adriana de Melo Ribeiro. Ela participou do ato de tombamento do prédio pelo Instituto de Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural do Estado (IPHAE), na manhã de sexta-feira, 18.

Foto: divulgação/Sedac
Foto: divulgação/Sedac

Isso é muito importante porque permite três coisas: a primeira é poder identificar as raízes, as origens, dos tantos povos que contribuíram para a formação do que é hoje a Cultura gaúcha. A segunda é garantir a preservação, não alterando a arquitetura original. A terceira é possibilitar que os proprietários tenham ajuda financeira para a manutenção deste espaço”, completou Adriana.

Pois foram justamente os proprietários que pediram o início do processo de tombamento em 2013, junto ao governo do Estado. O casal Marco Aurélio de Castro Schntz e Marô Vieira da Cunha Silva já conseguiu a inclusão no Sistema Nacional de Museus e hoje mantém 50% da área da propriedade com mata nativa. O restante é destinado à criação de gado e, principalmente, produção de alimentos orgânicos.

“Temos aqui animais como gato do mato, bugio, tatu. Nossa intenção não é apenas preservar um prédio, mas todo o patrimônio que, evidentemente, inclui a natureza”, afirma Marô.

 

História preservada

A obra da Fazenda teria iniciado em 1813. Na época foi chamada de Estância São José, propriedade de José Vieira da Cunha, português radicado no Brasil e que se casou com a filha de Antônio Gomes de Campos, um dos primeiros povoadores de Cachoeira do Sul. O local já está sendo avaliado por alunos e professores do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Eles fazem o levantamento arquitetônico para o projeto de restauração. O tombamento permite que o prédio receba recursos públicos para o restauro através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), chegando a R$ 1,5 milhão de financiamento. Mesmo sem previsão para o início dos trabalhos, a intenção é que a casa já possa ser aberta para visitação no primeiro semestre do ano que vem.

“A construção do que, hoje, conhecemos como o território do Rio Grande do Sul passa por lugares como esse. É um patrimônio riquíssimo e me orgulha fazer parte do processo de tombamento”, comemorou adDiretora do IPHAE, Mirian Sartori Rodrigues.

Participaram da solenidade representantes da família Vieira da Cunha, o prefeito de Cachoeira do Sul, Neiron Viegas; o presidente da Câmara de Vereadores, Homero Tatsch; representantes de conselhos do município e a comunidade. Um dos momentos de destaque foi a apresentação do documentário sobre a Fazenda, feito pelos estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Emília Vieira da Cunha.

“Me emociona ver o trabalho dessas crianças. É maravilhoso presenciar a nova geração tratando a História, o passado, com tamanho carinho. Tanto que cheguei a me perguntar: nesta manhã voltamos ou avançamos no tempo? As duas coisas. Isso me conforta, me anima”, revelou o secretário da Cultura, Victor Hugo.

 

Tafona

O nome Tafona remete ao moinho de farinha de mandioca e de polvilho que funcionava na propriedade. Ainda hoje é possível encontrar a estrutura original utilizada no processo.

 

 

* Ascom Sedac

 

Guilherme Motta