O caso envolvendo a prisão de um homem de 49 anos suspeito de exploração e abuso sexual de pelo menos cinco adolescentes em São Sepé na última semana ganhou repercussão estadual. À GaúchaZH, a Delegada Carla Dolores Castro de Almeida, titular da Delegacia de Polícia Civil, deu detalhes da investigação. O número de vítimas pode chegar a 10.
A partir de denúncias anônimas recebidas pela Polícia Civil, com a interceptação telefônica autorizada pela Justiça, a Polícia Civil teve acesso a conversas do homem com os adolescentes. Essas comprovações foram essenciais para a configuração do crime, já que o homem relembrava a prática do abuso para as próprias vítimas:
“Pela interceptação telefônica, conseguimos muitas provas. Ele falava para os próprios adolescentes o que fazia com eles. Isso também consiste na perversão dele: ele pratica o ato libidinoso e depois, nas conversas, fica relembrando”, explica a delegada Carla Dolores de Almeida.
Cinco vítimas que participam das conversas foram identificadas, e a polícia ainda afirma que pelo menos outros cinco meninos têm os nomes nas escutas telefônicas. Eles ainda não foram identificados.
Segundo a delegada, o homem se aproximava de locais onde havia aglomeração de meninos e participava de atividades envolvendo os adolescentes. Ele estabelecia relação de confiança antes de cometer os crimes, segundo a polícia. Ainda conforme a delegada, o homem se aproveitava da condição financeira das vítimas para oferecer dinheiro.
“É complicado. Esses meninos não faziam porque queriam, mas porque iam ganhar dinheiro. São todos meninos pobres. E ele se valia dessa pobreza, miserabilidade, para conseguir fazer o que quisesse. Como todo pedófilo abusador, ele tem uma perspectiva sedutora. É amigo, parceiro, faz junções na casa dele, dá dinheiro para os guris comprarem algo. Ele se aproveita disso para corromper”, lamenta a delegada.
Junto ao mandado de prisão preventiva, a polícia cumpriu uma ordem de busca e apreensão na casa do suspeito. Foram recolhidos um computador, celular, pen drives e CDs. Há indícios de que o homem armazenava cenas de crianças ou adolescentes em sexo explícito ou pornografia. Se isto for confirmado, o preso também responderá criminalmente por armazenar as imagens.
Os adolescentes não foram ouvidos pela polícia por dois motivos: em razão das escutas telefônicas que já comprovaram o crime e para evitar a vitimização dupla dos adolescentes. Assim, serão ouvidos somente pelo Judiciário, com participação de psicólogos.
“Não descarto outras vítimas. Acho que podem aparecer, inclusive, com idades menores do que essas”, suspeita a delegada.
Ainda conforme a polícia, o homem já havia cumprido pena por abuso sexual de menores de idade em Santa Maria. A delegada não soube confirmar quanto tempo ele ficou preso.
Fonte: GaúchaZH
