Cãozinho que teve o olho arrancado pelo dono ganha novo lar em Santa Maria

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Fotos: Fernanda Ramos/Diário de Santa Maria


Depois de percorrer um caminho sofrido em seu pouco tempo de vida, chegou a hora de um cãozinho simpático de Santa Maria deixar a clínica veterinária onde esteve internado por 24 dias e ganhar um lar, uma família e muito carinho.

O recém-nominado Scoott, antes chamado de Pierre, nem parecia o mesmo cachorro resgatado pelo 2º Batalhão Ambiental da Brigada Militar de Santa Maria após a denúncia de que estava sendo espancado pelo dono com um cabo de vassoura.

Fotos: Fernanda Ramos/Diário de Santa Maria

À época, ele sofreu um corte profundo na cabeça, perdeu um dente e o globo ocular foi deslocado por conta dos golpes. Em função disso, o cão acabou perdendo o olho esquerdo.Na casa nova e junto da tutora, a advogada Liégy Pereira Meneghetti, de 28 anos, Scoott, um vira-lata muito simpático que tem três meses de vida, esbanja energia.

A despedida da clínica é que não foi tão fácil. Todos se apegaram ao bichinho, que foi embora com caminha, ração e brinquedos doados pelos funcionários e clientes do estabelecimento. A castração e o tratamento ficaram por conta do ‘salvador” de Scoott, o médico-veterinário Marco Antonio Mendoza Montoya, da clínica Cães & Gatos Camobi.

“A gente se apegou. Na hora de ele ir embora, foi uma tristeza, mas foi por um bom motivo. Selecionamos bem a Liégy, uma pessoa de alma bonita que não se importou com a estética, já que ele está sem o olhinho. Só queria que o pessoal adotasse mais animais de rua em vez de comprar. Essa é nossa maior alegria”, diz o veterinário.

Segundo a advogada, Scoott já está superadaptado à nova casa, é dócil e não para um minuto. A energia do filhote só se esgota no fim do dia – ele dorme a noite toda, sem acordar. Além da atenção da nova tutora, o pequeno ganhou vários irmãos caninos de presente: os poodles Luna e Jack e a vira-lata Tuca e a dachshund Belinha, que também foram adotadas.

Scoot terá uma espécie de “guarda compartilhada”: passará a semana na casa da mãe de Liégy, com pátio e amplo, espaço para correr e brincar e, nos finais de semana, volta para o apartamento da advogada.

“Sempre gostei de bichos e tive cachorro desde criança. Achei o caso dele especial e o procurei para adotá-lo. Eu era a segunda da fila. Pensei: se for para ser meu, será. E foi”, comemora a advogada.

 

Posse responsável

Desde que a história do filhote de cão foi publicada no Diário e compartilhada no Facebook não faltaram interessados em adotá-lo. Segundo Mendoza, pelo menos 15 pessoas o procuraram e se candidataram a tutores, fora os que deixaram recados no Facebook e por telefone.

A concepção de adoção para Liégy vai além de apenas se comover com o animal. Para ele, adotar um animal é entrega e um compromisso sem prazo de validade.

“Em função das redes sociais é comum as pessoas adotarem por impulso. Não se pode levar um cachorro para casa ¿para bonito¿ou só como um presente para um filho. Ele não é um bicho de pelúcia, vai dar gastos, vai crescer, às vezes, incomodar e até adoecer. Eles vivem cerca de 15 anos. O Scoott, por exemplo, vai estar comigo até que eu tenha uns 40 anos e muita coisa vai ter mudado, mas ele é um membro da família”, define a advogada.

 

O caso

O caso de espancamento do filhote de cachorro aconteceu na Rua Lobo da Costa, perto do campo do Juventude, em Camobi, região leste da cidade.O ex-dono do cão, um homem de 28 anos, estava embriagado quando os policiais chegaram à casa dele, após uma denúncia de vizinhos. Ele assinou um termo circunstanciado e responderá pelo crime de maus-tratos a animais.

 

 

* Diário de Santa Maria / Pâmela Rubin Matge