Caminho das águas: entenda o processo de captação, tratamento e distribuição da água e esgoto em São Sepé

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Foto: O Sepeense

 

O saneamento básico é um dos principais problemas do século XXI. A escassez de recursos hídricos, poluição e falta de planejamento urbano com o crescimento desenfreado das cidades, tem causado danos ambientais e sanitários enormes para humanidade.

 

CORSAN SÃO SEPÉ

Em São Sepé, como em grande parte do Rio Grande do Sul, a Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) é a responsável pela água da cidade.  Gerenciada pelo Osório Dornelles Moreira, a CORSAN de São Sepé, conta com vasta equipe de colaboradores que fiscalizam inadequações, como ligação clandestina, projetos ambientais e sociais e obras. “Temos equipe atenta que circula pela cidade procurando gatos, validade dos hidrômetros (relógio) vazamentos e investigando denúncias que chegam até a gente. Tudo isso para que o cidadão receba o serviço de saneamento eficaz. Também realizamos campanhas sociais e somos engajados nas pautas ambientais”, explica Moreira.

Porém, a população reclama de mudanças estruturais que aconteceram na CORSAN nos últimos anos. Uma das maiores reclamações da comunidade, foi a troca do canal de comunicação via telefone. Agora, para relatar algum problema com a empresa via telefone, é por meio de uma ouvidoria em Porto Alegre. Embora o atendimento digital seja mais rápido e eficaz, a população de mais idade reclama da dificuldade encontrada ao ligar para CORSAN. João Hamilton Pereira, 76 anos, relata que enfrentou dificuldades para solicitar a troca de hidrômetro em sua residência. “Liguei e falei com Porto Alegre. Mas o meu problema é em São Sepé”, relata.

A CORSAN explica que o novo padrão de atendimento via Call Center, serve para aliviar a demanda das cidades, uma vez que a central é única e informa os serviços por meio de sistema para cada unidade da empresa.

 

ÁGUA EM SÃO SEPÉ 

O processo de captação de água começa no Rio São Sepé, por meio de tubulações, a água captada no manancial, chega até a Estação de Tratamento de Água (ETA) no centro da cidade. Na ETA, ocorre os processos de decantação, filtração, adição de cloro, flúor e demais elementos químicos que ajudam no processo de limpeza da água.

A CORSAN trata em média, cerca de 60 mil litros de água por minuto. Esse volume é testado por hora, com químicos que verificam PH da água, coloração e demais quesitos para que ela chegue em condições de consumo até as torneiras.

Osório explica que a água do Rio Sepé é de boa qualidade e que isso facilita o trabalho no município, além da estrutura estratégica. “Hoje temos seis reservatórios em pleno funcionamento, nos bairros Pontes, Zenari, Cristo Rei, Schirmer e Kurtz, além das duas caixas d’água no centro da cidade”, salienta.

Já para os problemas de falta d’água ocasionados com as cheias do rio, Osório explica que apresentou projeto para aperfeiçoamento na captação, e que a verba para reformas deve chegar no ano que vem. Conforme o gestor, a ETA também será reformada.

 

IMPASSE DO ESGOTO

São Sepé não possui nenhum tipo de tratamento de esgoto, os resíduos são despejados em maioria, no lajeado do Moinho e em foças caseiras.  Ainda há dejetos a céu aberto em alguns bairros da cidade como Zenari e Cristo Rei. De acordo com a CORSAN, o saneamento básico fica a cargo do município, porém, a empresa auxilia na manutenção e obras.

O Secretário de Obras de São Sepé, Leopoldo Heitor, esteve reunido hoje com o superintendente regional da CORSAN, José Epstein. A reunião foi para acertar o começo da obra de estação de coleta de esgoto e, também, a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

A prefeitura pretende entregar até o final de 2022 três obras de saneamento básico na cidade. “Estamos com projetos para estação de coleta de esgoto nos bairros Cristo Rei e Zenari, e de uma ETE no Bairro Londero. Os projetos estão bem adiantados junto a fiscalização ambiental”, pontua o secretário, que adiantou que as obras começarão até o final deste ano.

O objetivo da prefeitura é começar as obras no Bairro Cristo Rei. Conforme levantamento feito pela secretaria de obras, o bairro é o que mais sofre com a falta de coleta de esgoto. Leopoldo adiantou ainda, que o Bairro Zenari vai receber o calçamento junto com as obras de saneamento básico.

De acordo com o Instituto Trata Brasil, mais de 60% dos brasileiros não tem esgoto tratado. A falta do serviço básico afeta a saúde e o meio ambiente. Dados do SUS apontam que a leptospirose e cólera são doenças que podem ser extintas  no futuro se houver coleta e tratamento de esgoto.

 

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL

O saneamento é um problema global, e o Brasil e grande parte da América do Sul está mais atrasado nesta questão. Conforme a WWF Brasil, é preciso planejar, pensar e atuar em defesa do meio ambiente para garantir qualidade de vida para as futuras gerações.

A CORSAN atua em diversas frentes sociais e ambientais. A Polyana Pires é uma das responsáveis pelas campanhas de conscientização ambiental e social da entidade em São Sepé e Vila Nova do Sul. A empresa sepeense trabalha com recuperação de nascentes, palestras e teatros nas escolas como alerta para cuidado com a água, além de ajudar na campanha do agasalho.

Outras empresas privadas do mesmo ramo, como BRK, responsável pelo saneamento em Uruguaiana, também atuam para prevenção ambiental. De acordo com a empresa, quando assumiu o sistema de água e esgoto da cidade, em 2011, apenas 9% dos dejetos eram tratados. Hoje, 97% do esgoto de Uruguaiana é tratado, o índice supera as médias estaduais e nacionais.