O número de casos confirmados de Covid-19 no Frigorífico Silva, que enfrenta um surto do novo coronavírus, aumentou. Segundo a prefeitura, já são 167 funcionários infectados com a doença e que estão afastados do trabalho – na segunda-feira eram 44 casos positivos.
Conforme a Vigilância em Saúde, nesta semana foram testadas aproximadamente 400 pessoas. Os setores de abate e desossa seguem fechados temporariamente, e dependem dos resultados de testagens para reabrirem.
Agora, de acordo com as recomendações da Vigilância municipal, o planejamento para os próximos dias consiste em adoção de medidas mais intensivas de segurança, tais como uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) mais eficientes, barreiras físicas entre funcionários em locais estratégicos de produção, novos métodos de escalonamento de funcionários em ambientes de refeitórios e vestiários, maior controle no contato entre setores de trabalho e testagem em massa de todos os funcionários do frigorífico, sistematicamente. As medidas devem ser adotadas até que todos os casos detectados sejam isolados dos demais trabalhadores e só retornem após o período de quarentena e avaliação clínica.
Além disso, a Vigilância em Saúde fará o contato e monitoramento dos familiares dos casos confirmados.
O Diário procurou, novamente, a direção do frigorífico nesta sexta-feira, mas a empresa manteve o posicionamento de não se manifestar sobre o caso.
PRODUÇÃO INTERROMPIDA
De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Frigorífico Silva assumiu o compromisso de testar todos os trabalhadores, próprios e terceirizados, por meio do teste molecular (RT-PCR), com paralisação temporária das atividades, para contenção de surto do novo coronavírus. Os trabalhadores serão submetidos a dupla testagem, sendo que cada coleta será realizada com intervalo de 72 horas. Conforme o MPT, retornarão ao trabalho aqueles que tiverem diagnóstico negativo para a doença nos dois testes, de modo a interromper o avanço da doença no ambiente. Os testes já iniciaram nos setores mais afetados.
A empresa assinou, na última quarta-feira, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPT, que prevê a implantação de medidas de vigilância ativa e triagem periódica de trabalhadores, além do fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs), como face shield e máscaras cirúrgicas com elemento filtrante ou respiradores particulados PFF2. Foram pactuadas medidas de rastreabilidade de trabalhadores para identificação segura de contactantes, bem como introdução de rotina de testagem periódica dos trabalhadores, de forma que 10% dos trabalhadores da unidade sejam testados periodicamente a cada 10 dias, com vistas a viabilizar a rápida detecção de eventuais contaminados assintomáticos e o bloqueio da cadeia de transmissão.
O documento ainda informa que, além dos setores de abate e desossa, os funcionários dos setores de miúdos, resfriamento de carcaças, plataforma de recebimento e seringa, embalagem primária e quarteio já foram testados e permanecem, desde a coleta, afastados das atividades.
O TAC também inclui obrigações como realização de escalas de trabalho, definição de espaço mínimo entre postos e limitações de capacidade de transporte de empregados, já assumidas por outras empresas do setor. Em caso de descumprimento, o frigorífico deverá pagar multas, reversíveis a projetos sociais da região, com prioridade, durante o período de pandemia, para o Sistema Único de Saúde (SUS) local.
Conforme o órgão, o acompanhamento dos casos no frigorífico é feito desde março pelas autoridades de saúde locais, pela Gerência Regional do Trabalho e pelo MPT em Santa Maria. O aumento foi observado após os resultados de agosto, em que foram identificados 66 trabalhadores confirmados no setor de desossa. Outros setores também tiveram casos positivos afastados. A maior parte dos casos apresentava sintomas leves, ou eram assintomáticos.
Como denunciar
Por meio do aplicativo MPT Pardal e pelo formulário online disponível aqui.
* Com informações Diário de Santa Maria e Assessoria de Comunicação do MPT-RS.
