Se você fala boleto, ama café, usa sapatilha e não poupa hashtag e emojis nas redes sociais, fique sabendo que você é cringe. Essa nomenclatura e/ou classificação surgiu a pouco tempo e tem rendido debates na internet.
Cringe é uma expressão em inglês que significa vergonhoso, ou vergonha alheia. Ela é utilizada quando uma pessoa comete uma gafe, seja no ambiente virtual ou físico. Em resumo, cringe é sinônimo de mico, para quem, assim como eu, é jovem a mais tempo.
O novo termo se disseminou na internet no último mês, quando a geração Z (nascidos em 1996 até 2010) resolveu apontar as posturas brega da geração millennials ou Y (nascidos de 1981 até 1995). A guerra de gerações ganhou força.
Para os novos jovens, tomar café, falar boletos, usar sapatilha, curtir Harry Potter, Sandy Júnior, Rouge, usar hashtag e emojis nas redes sociais é cafona e fora de moda, cringe.
Fiquei pasmo quando descobri que eu sou o tio (nada) descolado das redes socias. Justo eu, que tenho pós-graduação no assunto, que pesquiso constantemente sobre o tema. Eu que nasci “ontem” em 1994, no mesmo ano do plano real, do tetracampeonato mundial de futebol do Brasil, da morte do Ayrton Senna e do Kurt Cobain.
Cheguei ao mundo três anos depois que um gênio chamado Tim Berners-Lee criou a World Wide Web, popularmente conhecida como www. Eu pertenço a geração de transição entre o mundo analógico para o digital. Posso dizer que cresci conforme a web crescia.
Quando eu cheguei aqui era tudo mato! Sou do tempo da internet discada, dos computadores de TVs de tubo, do vídeo game de cartucho e dos saudosos programas infantis nas manhãs das TVs abertas brasileiras. Pertenço, com orgulho, ao grupo que desbravou o mundo digital paciência e astúcia. Não foi fácil driblar meus pais para entrar escondido na internet depois da meia noite. Meu celular não tinha internet, sequer tinha cartão (risos).
Passei muito sufoco para selecionar 12, sim, apenas 12, fotos para postar no Orkut, conversar com meus amigos no bate-papo do Uol, Terra ou no MSN, para ser chamado de cringe por uma geração que não sabe o que é dividir um único computador para família toda! (risos).
Para todos nós, cringes de carteirinha, fica a nostalgia e orgulho de ter sobrevivido ao orelhão (telefone público), locado filmes, em VHS, em locadoras, internet discada e todas as descobertas da web. Para vocês, jovens, fica um sinto muito, mas continuaremos cada vez mais cringe e orgulhosos, afinal, como diz a canção: “nossos filhos serão os jovens e nós os modernos”.
