Ivan Cezar Ineu Chaves

Contingenciamento
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Ainda em 2014 quando iniciava a veiculação de crônicas aqui em ‘O SEPEENSE’ escrevi acerca das perspectivas de São Sepé para o ano de 2015, sublinhando aquelas que seriam as maiores e mais ansiadas obras.

Naturalmente as expectativas recaiam sobre os chamados “grandes” investimentos, em especial a Barragem do Rio São Sepé e a Usina de geração de energia elétrica que utiliza como matriz a casca de arroz.

Já naquele então advertia sobre os riscos de “contingenciamento”, uma palavra difícil mas que em síntese significa cortar investimentos – reduzir gastos – e consequentemente abortar projetos. Pois a história se repete e o Governo Federal está com a tesoura afiada, cortando rubricas orçamentárias em todas as áreas, inclusive em setores sociais onde nem o mais pessimista analista acreditava pudesse ocorrer isso.

Mas, enfim, é o que temos, isto é, uma realidade de crise econômica interna agravada por uma instabilidade enorme na economia mundial. Tudo isso faz aumentar a descrença, faz com que os munícipes elevem ainda mais a desconfiança de que as tão aguardadas obras não irão, mais uma vez, sair do papel.

Bola de cristal e prognósticos futuros não fazem parte de nosso dia-a-dia. Os que se dedicam à lavra e à análise dos fatos tem que laborar com as informações. Só com elas. Previsões e palpites ficam para os esotéricos e outros que se dedicam à magia e à alquimia.

A dura realidade que estamos todos a contemplar é que em todos os níveis de governo, ou seja, federal, estadual e municipal, as previsões de arrecadação se mostram em franco declínio. Na União além dos cortes orçamentários já foram gestados aumentos significativos de tarifas, preços públicos e impostos. Aqui no Estado o Governador eleito também não esconde sua intenção de promover aumento de impostos.

No Município, além de um declive orçamentário natural e que decorre da redução do chamado “retorno” de tributos, sofre-se com a não confirmação desses investimentos que, talvez, trariam uma calmaria para os cofres sempre vazios da Prefeitura. E a par disso tudo ainda aumentam as demandas coletivas por serviços da municipalidade.

Acompanho a política brasileira desde a década de setenta e preocupa-me que ao longo de todos esses anos sempre convivi com o vocábulo “contingenciamento”. Desde a época do regime militar que se aplica essa expressão. E em todos os governos que se sucederam sempre – repito SEMPRE – os cortes afetaram à população comum. Nunca vi cortarem a própria carne. Cuidem bem. Em nenhum dos três poderes se fala em corte de benefícios, redução de salários e mordomias, eliminação de cargos de confiança, etc, etc. A conta dos cortes será paga por gente comum. Pelos que escrevemos e por todos vocês que nos honram com a leitura. Nada de novo.