Saiba “Por Onde Anda” a sepeense Larissa Garcia Pinto

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A participação nesta semana no quadro “Por Onde Anda, Sepeense?” é da sepeense Larissa Garcia Pinto.

“O Sepeense” lembra que este espaço vale também para aqueles e aquelas que não nasceram em São Sepé, mas que de uma forma ou de outra possuem ligações com o município e se sentem sepeenses de coração.


LARISSA GARCIA
Em Bristol/UK

 


Trajetória

Nasci em São Sepé, numa segunda-feira de carnaval às 23h30min do dia 18 de fevereiro de 1985 (acho que por isso sempre gostei de Carnaval). Meus pais Claive e Laerte Pinto, na época moravam em Chapecó-SC e meu pai disse que caso minha mãe entrasse em trabalho de parto antes do previsto, eu nasceria em Nonoai-RS, mas não nasceria “barriga-verde”. Como deu tudo certo, sou gaúcha e sepeense.

Em Cambridge/UK com a estátua do Charles Darwin
Em Cambridge/UK com a estátua do Charles Darwin

Meus primeiros anos de vida morei em Chapecó e depois em Santo Augusto-RS, pois foram lugares que meu pai trabalhou. Como a vontade deles era de voltar para São Sepé, onde toda nossa família estava, em 1990 pude realmente morar na cidade onde meus pais fizeram questão que eu e meu irmão nascêssemos.

Tive uma infância e adolescência muito boa. Por ser uma cidade relativamente pequena e tranquila (naquela época, hoje infelizmente nem tanto), podia brincar na rua com meus amigos, vizinhos e primos. Lembro com muito carinho dos colegas e amigos que tive ao estudar nos colégios Madre Júlia (1991 e 1994-2001) e Mário Deluy (1992-1993). Com muitos mantive a amizade e a ainda temos contato (nos dias de hoje WhatsApp, Facebook facilitam bastante).

Aos 17 anos me mudei para Santa Maria para fazer cursinho e ingressei na UFSM no curso de farmácia no ano de 2003, aos 18 anos. No primeiro ano “longe” de casa, chorava todo domingo ao entrar no ônibus, pois queria ficar em São Sepé com minha família. Como a rédea era curta, não tive muita opção e continuei morando em Santa Maria. Agradeço muito o pulso firme dos meus pais nesta hora, os quais sempre me deram total incentivo e condições para estudar, mas principalmente apoio em todos os momentos. Como estava todo final de semana em São Sepé, conseguia matar as saudades da família e amigos.

Em Big Ben e London Eye
Em Big Ben e London Eye

Na metade de 2007, no último semestre da faculdade, resolvi dar um passo mais longo, vi que se quisesse alcançar meus sonhos, teria que buscar novas oportunidades, infelizmente em lugares mais distantes da minha família. Comecei então uma nova vida em Ribeirão Preto-SP, onde nos primeiros 6 meses fiz meu estágio obrigatório na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (FMRP-USP), entrando em seguida, no ano de 2008 no mestrado em Farmacologia na mesma instituição. Defendi meu doutorado em 2014 (também em farmacologia pela FMRP-USP) e fiz 1 ano de pós-doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFRP-USP). Ribeirão se tornou meu terceiro lar (ou seria quinto?), cidade que me acolheu e onde fiz muitos amigos dos quais sinto muita saudade.

O destino e a vontade de continuar crescendo me trouxeram para onde moro hoje, Londres-Inglaterra. Desde abril do ano passado moro na “terra da rainha”. Em Londres, trabalho como pesquisadora visitante no Kings College of London, onde continuo realizando pesquisas na área básica de farmacologia da dor e inflamação.

Como cientista (as vezes meio maluca, risos) sempre tive como sonho e tenho como objetivo fazer importantes descobertas que ajudem no desenvolvimento de novos medicamentos para tratamento de dores crônicas. No futuro pretendo voltar ao Brasil, estudar e se tudo der certo me tornar professora e pesquisadora de alguma instituição de ensino superior. Mas estes ainda são planos, vamos ver qual será meu novo e espero que definitivo lar.

 

O que lhe motivou a sair de São Sepé?

A busca por melhores oportunidades de vida. Como trilhei um caminho na área acadêmica, já tive que sair de São Sepé para cursar a faculdade. Como o curso de farmácia era em turno integral, seria bem difícil me locomover todo dia para Santa Maria. Depois disso acabei ficando cada vez mais longe da terrinha.

 

Quantas vezes ao ano vem a São Sepé?

Quando morava em Ribeirão Preto, há 1500 km de São Sepé, ia em media de 2 a 3 vezes ao ano. Mas me dividia entre São Sepé e Santa Maria, onde meus pais ficam a maior parte do tempo. Agora morando do outro lado do oceano, fui uma vez e acredito que enquanto estiver aqui devo ir somente uma vez por ano, pela distancia, tempo e mesmo os custos com a viagem.

Sinto muita falta da minha família (minha avó, tios e primos) e dos amigos. Dos mates em frente de casa na companhia dessas pessoas, dos meus cachorros, do comércio local. Acho ótimo você chegar nas lojas e as pessoas te conhecerem, algumas lojas sempre que vou a São Sepé, faço questão de fazer alguma compra, tenho aqui em Londres comigo desde roupas e calçados até material de papelaria (risos).

A praticidade de uma cidade do interior facilita muito em pequenos detalhes do dia-a-dia, como a facilidade de se deslocar (mesmo caminhando tudo é perto), a cabeleireira, costureira, o médico, enfim uma série de serviços prestados por pessoas que tenho muito carinho.

Enfim, sinto muita saudade do que vivi em São Sepé, das gincanas e excursões do colégio, bailes e outras festas no Clube do Comércio… Enfim, de momentos que fazem parte da minha história e que me fazem sentir falta da terrinha (principalmente em datas festivas, sofro bastante por não estar perto, mas tive que acostumar).

 

Pretende ainda voltar algum dia, para morar?

Infelizmente desde que sai de São Sepé, com o caminho que escolhi trilhar, acredito que seja impossível voltar a morar na cidade. Na verdade, não me imagino mais morando em uma cidade pequena e nem pretendo atualmente. Descobri que gosto de morar em lugares maiores, onde tenho tudo ao meu alcance de uma forma mais fácil.

Ainda prefiro o interior do que a capital, mas que seja um lugar que eu consiga continuar fazendo as coisas que gosto sem ter que sair da cidade. Gosto muito do RS, da cultura e nossas tradições, mas não sei se profissionalmente não vou acabar morando em outro lugar, até mesmo fora do nosso estado.

 

O que acha de nossa cidade?

Confesso que por muito tempo achei que nossa cidade tivesse “estagnada”, sem muitas opções de trabalho e lazer. Na verdade, não entendia como muitos jovens viam oportunidades em São Sepé e não tinham se mudado para lugares maiores (assim como eu, risos). Com o passar do tempo comecei a admirar esses jovens e boa parte da população que permanece e faz a diferença em São Sepé, pois estas pessoas estão indo atrás de coisas melhores para nossa cidade, de novas oportunidades para aqueles que escolheram estabelecer a vida na terrinha (que bom que eles ficaram!). Uma pena e algo que me assusta é que nos últimos tempos tenho visto um aumento na criminalidade na cidade. Acredito que muitos não se sintam mais tão seguros numa cidade do interior como São Sepé era antigamente, mas vamos torcer para que essa situação melhore!

Também tenho visto muitas coisas boas e acredito que São Sepé tem tudo para se tornar um lugar melhor para viver. Com mais investimento público e privado, uma boa administração que priorize áreas essenciais como saúde, segurança e educação, mas também com mais opções de cultura e diversão para a população de todas as idades.

Deixo um forte abraço a todos os sepeenses, em especial ao meu amigo Preto (José Carlos) e ao meu primo Bruno que me convidaram para esta matéria.

Com todo carinho de uma sepeense que está curtindo um pouco a vida há alguns milhares de km da sua terra natal!