Operação mira suposto esquema de desvio de dinheiro em ONG

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Foto: divulgação/Polícia Civil


 

Foto: divulgação/Polícia Civil

 

A Polícia Civil de Santa Maria desencadeou na manhã desta quarta-feira a Operação Casa das Ilusões. Os alvos das diligências foram a sede da instituição filantrópica de amparo assistencial, Casa Maria, a residência de gestores e um escritório de telemarketing.

Todos são investigados por estelionato. A operação, que também atuou em Pelotas, cumpriu oito mandados de busca e apreensão, cinco em Santa Maria, em endereços de pessoas ligadas à instituição investigada, que atua como Organização Não-Governamental. As buscas foram comandadas pelo delegado regional Sandro Meinerz.

Segundo ele, a investigação teve início em 30 de janeiro de 2019, quando uma denúncia anônima alertava a polícia sobre um suposto grupo de pessoas que estaria praticando crimes de estelionato usando de forma indevida o nome da instituição.

De acordo com a polícia, esse grupo supostamente formado por gestores e colaboradores da instituição fazia arrecadações de fundos que seriam desviados para proveito próprio. Também teriam sido criadas campanhas assistenciais para pacientes que não existem ou até mesmo já morreram.

“Parte do dinheiro arrecadado era desviado para outras finalidades. Isso fica muito claro na investigação. Podemos afirmar que o diretor da instituição e a esposa dele são os principais responsáveis pelo esquema”, afirmou Meinerz.

A principal forma de arrecadação de recursos da instituição é por depósito em conta bancária ou em espécie. Essas doações seriam solicitadas em nome da instituição via telefone por aproximadamente 20 operadores de telemarketing. As doações também ocorrem de maneira espontânea, entregues na ONG, ou por meio de voluntários que buscam o dinheiro na casa dos doadores.

A reportagem entrou em contato com a administração da Casa Maria que informou que só irá se manifestar na manhã desta quinta-feira.

 

PADRÃO DE VIDA INCOMPATÍVEL

Uma situação que teria chamado a atenção da polícia durante a investigação foi o fato de alguns investigados supostamente ostentarem um padrão de vida incompatível com a renda familiar. Entre as medidas judiciais desencadeadas na operação desta quarta-feira está o sequestro de bens de alguns investigados.

“As contas bancárias dos investigados foram tornadas indisponíveis por decisão judicial. Também fizemos o sequestro de bens imóveis e veículos. Todos os integrantes da direção estão afastados dos cargos e impedidos de comparecer na instituição. Uma interventora judicial foi nomeada”, explicou o delegado.

Os crimes, segundo a polícia, não estariam limitados à prática de estelionato. Denúncias de assédio moral e ameaças a colaboradores que não teriam aceitado fazer parte do suposto esquema também estão no radar da investigação.

Durante o cumprimento dos mandados foram recolhidos documentos, cheques, computadores, celulares, carros e outros materiais que podem, segundo a polícia, ajudar na investigação.

“Não há prazo definido para a conclusão da investigação. São muitos documentos e materiais a serem periciados e anexados aos autos do inquérito”, disse o delegado.

 

O OBJETIVO

Meinerz faz questão de afirmar que a intenção da polícia e do inquérito não é fechar a casa que tem um papel social de atendimento assistencial importante.

“Nosso objetivo é que o lugar continue funcionando, mas com uma gestão lícita, sem desvios e sem benefícios pessoais em detrimento de práticas criminosas”, disse.

 

MEGA OPERAÇÃO

Durante a Operação Casa das ilusões foram mobilizados 65 policiais de várias delegacias de Santa Maria e 18 viaturas. Até o momento não há informações sobre quanto o suposto esquema teria arrecadado desde que a investigação iniciou há mais de um ano e meio. Uma outra instituição filantrópica de amparo assistencial também está sendo investigada por crimes semelhantes em Pelotas, na região sul do estado.

 

 

Fonte: Diário de Santa Maria