Fogo de Chão em São Sepé com uma tradição de mais de 200 anos é extinto.

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A informação vem da própria família. A decisão foi tomada no dia 8 de janeiro desse ano, quando a última tora de madeira foi colocada até se apagar.

” Foi uma decisão difícil, muito doloroso para a família, mas decidimos, no dia 8 de janeiro de 2025, dia em que completei 60 anos, apagar o fogo. Muitos fatores contribuíram para essa tomada de decisão.

Nós estávamos também com dificuldades de conseguir lenha morta, e para conseguir essas toras, teríamos que derrubar árvores nativas. Isso nós não queremos, pois a nossa proposta é de preservação da natureza. Essa falta de lenha também pesou na nossa decisão”, salientou Claudia Pires Portella, uma das filhas dos proprietários da Fazenda Boqueirão em São Sepé.

A chama que era alimentada por toras de madeira de lei, se tornou um símbolo da cultura gaúcha.

Da Fazenda Boqueirão a Chama Crioula foi acesa no Fogo de Chão e distribuída para as Entidades Tradicionalistas de todo o Estado na Semana Farroupilha.

Na Fazenda Boqueirão, em São Sepé, a família Simões Pires, que tem raízes e presença na história do estado desde o século 18, fez com que o espaço se tornar-se um ponto turístico, recebendo pessoas de vários estados do Brasil e outros países..

“A gente associa à época que o galpão foi construído, que foi no inicio de 1800. Então, provavelmente, desde essa época que existe o fogo”, afirma Gilda Simões Pires, proprietária das terras. Muitos membros da família foram ligados à politica de São Sepé e ajudaram a elaborar um pouco da história do estado.

Preservada do calor, a cadeira usada por David Canabarro é relíquia. Na casa, há uma réplica, já que a original foi doada para o museu da cidade.  “A gente sempre pergunta para as pessoas de uma maneira ou outra o que sentiu aqui dentro do galpão, e principalmente pessoas que têm suas raízes no interior do estado dizem que sentem alguma coisa muito emocionante. É voltar no tempo”, completa.

A decisão de apagar o fogo foi muito pensada e vinha sendo construída com a família há alguns anos. Mas o mais importante é que a história vai ficar preservada. Vamos manter tudo igual no galpão e as pessoas vão poder continuar a nos visitar” disse Gilda Maria Faria Pires, proprietária da Fazenda Boqueirão.

Fonte. Luís Garcia

Fotos: Divulgação, Reprodução e Prefeitura Municipal.