Engenheiro responsável por uma das reformas na boate kiss alega que não recomendou espuma como forma de isolamento acústico

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Foto: Ricardo Giusti/ Correio do Povo


Foto: Ricardo Giusti/ Correio do Povo

Depois da emoção do primeiro dia do maior júri popular da história do Rio Grande do Sul, marcado pelo depoimento da sobrevivente Kellen Giovana Leite Ferreira, que teve 18% do corpo queimado e o pé amputado por conta dos ferimentos ocasionados pela tragédia, hoje o júri já ouviu dois sobreviventes e o engenheiro responsável pelo projeto de isolamento acústico da casa noturna.

Logo no começo da manhã, Emanuel Pastl, que estava na casa noturna com o irmão gêmeo, disse que em momento algum soou alarme. Pastl também afirmou que não lembra de ter visto iluminação de emergência que indicasse a saída. Ambos sobreviveram, porém têm sequelas respiratórias por conta da inalação da fumaça tóxica. Emanuel chegou a ficar em coma, na UTI, em Canoas, por quatro dias. Calmo, o sobrevivente respondeu a todas as perguntas e relembrou os detalhes da fatídica noite.

Jéssica Machado Montardo, que perdeu o irmão na tragédia, chorou ao lembrar como tudo começou. Mesmo sob forte emoção, a sobrevivente disse que enxerga os quatro réus como “humanos”. Jader Marques, advogado de defesa de Elissandro Sphor, conhecido como Kiko, colocou o réu em frente a Jéssica. Neste momento, o Ministério Público (MP) e o juiz  Orlando Faccini Neto entenderam que a testemunha estaria passando por constrangimento e exposição.

O engenheiro civil, Miguel Ângelo Teixeira Pedroso, foi a testemunha arrolada pelo MP para prestar depoimento acerca do isolamento acústico da boate. A antecipação da oitiva do engenheiro foi feita em comum acordo entre as partes. Questionado sobre o isolamento acústico, Pedroso alega que não sugeriu espuma, segundo o engenheiro, ele teria alertado Kiko que a espuma não era a melhor estratégia para o isolamento acústico.

“Sugeri a construção de duas paredes intercaladas no meio por fibra de vidro”, relatou  Miguel, que também falou sobre novas reformas feitas no prédio por outro engenheiro depois das que ele havia sugerido..  O MP considera o depoimento dele crucial para que o dolo eventual (quando assume-se o risco de morte) seja aceito pelos jurados.

Na noite de hoje, o júri vai ouvir mais depoimentos de sobreviventes da tragédia. A expectativa é que o julgamento dure até o dia 14 de dezembro.