Cooperativismo gaúcho registra crescimento

0
165

Dos 10,8 milhões habitantes do Rio Grande do Sul (de acordo com o censo de 2022), 38,8% estão vinculados a alguma cooperativa estabelecida no Estado. Em 2024, o setor atingiu o número de 4,2 milhões de associados, um crescimento de 7,13% em relação a 2023.

Este foi um dos resultados apresentados pela Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs) na manhã desta terça-feira, 1º, em evento na sede da entidade, em Porto Alegre. O público associado à rede de cooperativas foi um dos destaques citados pelo presidente da organização, Darci Hartmann.

“Estamos aqui mostrando números importantíssimos”, disse Hartmann.

O sistema também aumentou 21,87% em relação ao patrimônio líquido de 2023, chegando a R$ 39,2 bilhões. O mesmo percentual expressa a elevação dos ativos, que somaram R$ 217,8 bilhões. Os ingressos alcançaram R$ 93,25 bilhões em 2024, um aumento de 8,41% sempre em comparação com 2023.

De acordo com Hartmann, “14% do PIB (produto interno bruto) gaúcho é de cooperativas”. O presidente afirmou ainda que a Ocergs, que representa mais de 370 cooperativas no RS, “tem uma expectativa de crescimento muito grande” para 2025, “de dois dígitos”.

“No Ano Internacional das Cooperativas, declarado pela ONU (Organização das Nações Unidas), celebramos a capacidade do cooperativismo de sustentar e impulsionar a economia do Rio Grande do Sul, mesmo diante das maiores adversidades. Em um período marcado por perdas e reconstrução, especialmente no meio rural, os resultados demonstram a força, a resiliência e o compromisso do sistema cooperativo com o desenvolvimento sustentável e com as comunidades onde atua”, avalia Hartmann.

O ramo agropecuário, que representa mais da metade do faturamento total do cooperativismo gaúcho, igualmente ofereceu resultados positivos. Os ingressos, de R$ 49,9 bilhões, subiram 2,49% em comparação com 2023. As sobras totalizaram R$ 1,2 bilhão, alta de 30,78% ante ao ano anterior.

“É importante destacar a resiliência que o agro teve no ano passado, mas ainda temos problemas. O estoque da dívida não foi solucionado”, comentou Hartmann.

Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro), explicou que o crescimento do ramo agro foi impulsionado pela industrialização da proteína animal.

“Cooperativas importantes voltaram a ter esse processo. Essa é uma coisa importante, que é esse resgate da rentabilidade da indústria que ocorreu em todos os setores”, disse o presidente da FecoAgro.

Os bons números na agropecuária não afastam o temor em relação às possíveis consequências da falta de solução para a dívida, a descapitalização e a falta de crédito dos produtos, na percepção tanto de Hartmann quanto de Pires.

“Uma cooperativa é uma organização de produtores. Aí, mesmo com a cooperativa capitalizada, mas com o produtor endividado, sem condições de levar adiante o plantio, é muito preocupante”, resumiu Pires.