Artigo de opinião: Sete de Setembro. (Eles mandam dizer e pronto). – Maurício Rosa de Souza

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Foto: divulgação


 

Sete de Setembro.

(Eles mandam dizer e pronto).

 

I

É bem sabido, caso não, segue a informação, de que a declaração de independência do Brasil tem ligação com um ato vital do ser humano por alguns denominado “ir aos pés”. Termo esse criado porque antes não existia privada e logicamente o ser humano precisava se abaixar para fazer o tal cocô. D. Pedro, caso você também não saiba, já tinha, praticamente, declarado independência no dia 9 de Janeiro de 1822. Mas voltemos a cagada, ops! Independência. No dia 7 de setembro, desse mesmo ano, enquanto viajava para tratar de negócios, cavalgando sua mula (sim, nada de cavalos, bebê) D. Pedro I precisou parar pela oitava vez para defecar. Ele estava passando por sérios problemas intestinais. E não foi às margens do Ipiranga, mas, de fato, no rio. Ele fez “toto” dentro do rio. A guarda real chegou trazendo um carta da Imperatriz Leopoldina atualizando seu marido, por sinal, nada fiél, dos planos retrógrados de Portugal com relação ao Brasil. Em resumo, perante meses de tratativas, reuniões e demais negociações, naquele momento, a beira de um rio, sob uma terrível diarreia, D. Pedro mandou dizer que a Independência estava feita. Não nesta palavra, mas o que importa aqui é que ele mandou dizer. Lembre-se, ele mandou dizer.

 

II

No dia 15 de novembro de 1889, após derrubar um dos ministros de D. Pedro II, Deodoro da Fonseca, completamente esquálido, descobre que o substituto do “derrubado”, seria uma pessoa (“não lembro o nome agora) que, anos antes, havia se envolvido com uma mulher a qual ele, Deodoro, desejava, mas que não obteve recíproca amorosa. Por causa de uma dor de cotovelo, Deodoro, de forma resumida, lógico, mandou dizer: “digam ao povo que a república está feita”. Sim, ele mandou dizer. Lembrando que Deodoro traiu D.Pedro II, pois ambos eram muito “amigos” e que, na verdade, tudo não se passou de um Golpe. A nossa república nasceu de um golpe.

 

III

Agora, a questão que mais importa disso tudo: ELES SEMPRE MANDAM DIZER. E eles são, atualmente, consequência das nossas escolhas. Do nosso voto, conquistado após um outro golpe que gerou um regime assassino que alguns querem que seja retomado. Voto usado, na maioria das vezes, de maneira irresponsável e com fins lucrativos. A Democracia não é um ato exercido durante épocas objetivas. Ela deve ser exercida no dia a dia. Cobrando promessas, melhorias, questionando. Por que na nossa história foi sempre assim. ELES MANDANDO DIZER.

E a gente escuta e acata. Fica pobre a cada “dizida”. O carro para de andar, o prato de comida fica reduzido, alguns ficam até sem o prato de comida. A casa fica no escuro e a água vem do balde. Ou da Bica.

Antes de tomar um lado, é preciso conhecer a história. O Brasil foi, durante séculos, uma monarquia escravista e depois transformado numa república golpista. A história se repete. Se botarmos o disco girar ao contrário, as músicas vão tocar no mesmo tom e com as mesmas letras. Exceto o da Xuxa que daí, né?

Vivemos um momento severamente polêmico, que envolve milhares de mortes. A união seria nossa força maior, mas os fatos não deixam meu lado otimista ser perene, pois “eles sempre mandaram dizer”, jogando o fósforo nas palhas. Pena que tenhamos tornado isso tão pessoal, ofensivo e destruidor.

A gente fica se matando por aqui e eles só mandam dizer. E eles nunca mandam dizer algo que faça a gente parar de se matar, pelo contrário.
Enfim, o Sete de Setembro é nosso. Com todos os defeitos, é nosso. Uma lástima dois lados saírem para defender interesses diferentes, sendo que, se unidos, poderiam amenizar o caos e ser até um pouco mais forte. Nem sempre dois lados precisam ser contrários. Analisemos a seguinte comparação: pegue uma pessoa de cada um desses lados e coloque-as dentro de uma casa. Só o que as separa é uma porta. A única solução é um dos lados abrir a porta e ambos conversarem. Afinal, repito, a casa é a mesma. Quando faltar luz, água e comida vai faltar para os dois. Logo, é preciso organizar as coisas para a casa manter-se em pé.

Essa crônica não é uma crítica. Você defende o que quiser. Isso é apenas uma demonstração literária de alguém que, mesmo a história mostrando sempre o contrário, deseja muito que o Brasil dê certo.

Obrigado pela leitura.

 

 

Maurício Rosa de Souza

Escritor