
Principal vitrine da agricultura familiar gaúcha, o pavilhão do setor na Expointer 2025 bateu recorde antes mesmo de abrir os portões. Nesta 48ª edição da feira, serão 456 empreendimentos, superando os 413 do ano passado. O conjunto reúne agroindústrias oriundas de 196 municípios do Rio Grande do Sul.
O crescimento, segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), é resultado de um processo de fortalecimento de negócios familiares e do incentivo à legalização e promoção de itens que agregam valor à produção rural do Estado.
“O sucesso é resultado de um trabalho muito forte do governo, da Fetag e dos sindicatos, para que os agricultores invistam na industrialização e agreguem valor aos seus produtos. A Expointer é um local de vendas, mas é uma vitrine em que os produtores fazem negócios para além da feira”, afirma o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva.
A expectativa é de que o volume de vendas também supere os R$ 11 milhões movimentados em 2024, maior marca registrada no pavilhão desde sua inclusão na Expointer, em 1999, durante o governo Olívio Dutra (1999-2003). Segundo Carlos Joel, além de aumentar o faturamento imediato, o evento é determinante para o crescimento de muitos pequenos empreendimentos ao longo do ano.
“A Expointer é um palco que representa um faturamento importante para as agroindústrias, para que elas se mantenham ao longo do restante do ano. Também ela é uma vitrine para a sua marca, pois muitos compradores conhecem o produto e depois eles seguem fazendo negócio, comprando das agroindústrias, mesmo após a feira”, ressalta o presidente.
Nesta edição, 78% dos estandes serão ocupados por agroindústrias familiares, com destaque para a diversidade de alimentos artesanais como queijos, embutidos, doces, pães, geleias, vinhos, sucos e licores, entre várias outras opções. Também estarão representados setores como o de plantas e flores (31 estandes) e o de artesanato, com 70 expositores — entre eles, indígenas e quilombolas. Jovens com até 30 anos somam 80 empreendimentos, enquanto 150 negócios terão mulheres como líderes.
Além dos produtos, o pavilhão também acolherá iniciativas como a praça de alimentação, formada por sete cozinhas que utilizarão ingredientes vindos diretamente da produção familiar. Para Joel, o diferencial do espaço está na relação direta entre quem produz e quem consome:
“O principal atrativo do pavilhão é a qualidade dos produtos e o atendimento das pessoas que estão ali. É o produtor vendendo direto para o consumidor e é um momento em que o consumidor está ali, degustando o produto e ouvindo a história”, ressalta Carlos Joel.
Meta é superar em 35% o faturamento de 2024
Segundo o secretário estadual do Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti, o pavilhão da agricultura familiar é hoje a “menina dos olhos da Expointer”. Para este ano, a estrutura foi ampliada em 30%, tanto em área de exposição quanto nos espaços de gastronomia e circulação.
“Queremos que quem vá com a família, com crianças, encontre um ambiente confortável para comprar, saborear e descansar. É preciso pensar no consumidor”, afirma Covatti.
Com a meta de ultrapassar os R$ 15 milhões em vendas (aproximadamente 35% a mais do que o obtido em 2024), Covatti aposta não só no número recorde de empreendimentos, mas também na qualificação dos espaços e na diversidade de produtos.
“Absorvemos todos que se inscreveram. Ajustamos o layout, deslocamos geradores e congeladores, e até reduzimos áreas institucionais para dar mais espaço a produtores”, diz o secretário.
A organização buscou distribuir os estandes de modo estratégico, que garanta variedade por corredor e facilite o giro do visitante.
“A pessoa não consegue visitar os 456 empreendimentos, mas queremos que, no trajeto que ela fizer, encontre uma amostra representativa de tudo o que temos”, explica Covatti.
Covatti destaca que a participação na Expointer tem efeito multiplicador. “Uma feira não se esgota nela mesma. É uma experiência, uma vitrine. Muitos produtores vendem até dez vezes o valor investido. Por isso, temos estimulado a presença da agricultura familiar em feiras de todos os tamanhos”, acrescenta.
Um dos produtores que volta ao Parque Assis Brasil é Marlon Marins, que ao lado da esposa Juliana dirige a agroindústria Sucos Marins, de Rolante, no Vale do Paranhana. Especializada em sucos naturais, a marca chama atenção pela proposta de oferecer bebidas 100% puras, sem adição de água, açúcar ou conservantes. Entre os carros-chefes estão o suco de laranja e o de morango, ambos não pasteurizados e com sabor fresco.
“Será a nossa segunda participação. A primeira, no ano passado, foi excelente. A Expointer representa a valorização do agricultor e da cultura familiar. Lá conseguimos mostrar a qualidade do nosso produto, sem estar no sol e na chuva”, afirma Marins.
Além de fortalecer o contato direto com o consumidor, a feira também é uma oportunidade de garantir renda extra para o restante do ano. “A gente conta os dias para a Expointer, pois sabemos que vem um retorno financeiro, além da divulgação do produto”, completa Marins.
Outra agroindústria que retorna ao Parque Assis Brasil é a Produtos Lilien, de Picada Café. Administrada por Clarice Rohr, a marca participa da feira pela 11ª vez, apostando na variedade e na inovação. Entre os destaques estão as geleias orgânicas, com sabores diferenciados e uma nova linha sem açúcar, que inclui versões de frutas vermelhas, morango e bergamota.
“Estamos aumentando a linha diet e também levando barras de cereal sem glúten, sem lactose e veganas. Vamos lançar um produto inédito, que são barras de cereal salgadas, nos sabores bacon e churrasco”, revela Clarice.


