Zizi Machado

A corrupção que cega a sociedade
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Olá prezados leitores!

Falar de um tema tão polêmico como corrupção num espaço de opinião chega a me dar um frio na espinha, mas é tão necessário quanto àquela vontade louca que todos nós tivemos em algum momento da vida, de gritar para todo mundo ouvir, quase como uma súplica, por algo que não aceitamos, enquanto pessoas honestas, e que queremos a todo custo fazer com que os outros entendam.

Para alguns pode parecer exagero isso que digo, mas lhes garanto que não é. Acredito que honestidade e retidão de caráter deveriam ser virtudes comuns a todo o ser humano; porém, infelizmente, nossa realidade é outra. Sem querer parecer ingênua, até porque não seria hipócrita a ponto de achar que corrupção só começou a existir agora, mas realmente só me dei conta da seriedade do assunto, depois que vieram à tona o mensalão, os mensalinhos, as lavagens de dinheiro e os escândalos envolvendo políticos ligados ao governo federal, independente de siglas partidárias, onde desvios bilionários de dinheiro lesam uma Nação inteira. E pior: os malandros, durante o pouco tempo que ficaram presos, tinham regalias e vantagens sobre os demais apenados, além do que não devolveram um centavo do que roubaram do povo. Ah, e tem a recente “noite do abacaxi”, onde depois de 18 horas de exaustiva discussão e votação, o Congresso Nacional acabou aprovando a manobra fiscal em que o governo acoberta o descumprimento do superávit primário, entre outras tantas “coisinhas” que tem acontecido por debaixo dos panos.

Mas o meu espanto maior, mesmo, nesse contexto, é perceber que muitos cidadãos estão dando de ombros para a questão sob o argumento: “roubar todo mundo rouba”. Minha nossa, mas como assim? Pra mim, roubo é roubo, independente de ser 1 centavo ou 1 milhão de reais. Aprendi que honestidade é a base para a conduta de qualquer cidadão. Daí me pergunto: Será que essa parcela da população está desacreditada com relação à possibilidade de um dia termos um Brasil menos corrupto, ou está compactuando com esse tipo de ato? Porque se for essa última opção, realmente estamos fritos. Mas prefiro, ainda trabalhar com a primeira hipótese.

Pois bem, vamos à parte prática da coisa, às nossas ações e atitudes diárias em casa, no trabalho, na rua, etc.

É muito comum vermos pessoas furando filas, tentando subornar o guarda para não ser multado, votando em políticos em troca de benefícios, tentando levar vantagem em diversas situações pelo cargo que ocupa na sociedade, ficando com a sobra do troco que recebeu por engano do vendedor. Aos olhos de muitos parecem coisas simples, mas, são justamente com esses “pequenos delitos” que a sociedade se corrompe sem sequer se dar conta. Daí não adianta se queixar dos políticos “lá em Brasília”, pois os que estão no poder hoje, já foram e voltarão a ser cidadãos comuns, assim como nós.

Outro dia, assistindo uma palestra com o técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Valtuir Nunes, achei muito interessante a forma como ele expôs o tema da corrupção, relacionando com a educação e o exemplo dos pais; ele disse que deixar o filho ficar com o material do coleguinha da escola, por exemplo, sem fazê-lo devolver, já é uma forma de incitá-lo à corrupção. E de fato é.

Todos sabem que crianças são movidas pelos exemplos, e não por expressões ditas pelos pais do tipo: isso não se faz. E os pais são, sem sombra de dúvidas, o espelho dos pequenos. Não adianta dizer para os filhos que mentir é feio, se eles presenciam você mentindo para os outros; não adianta dizer que usar cinto de segurança pode salvar muitas vidas, se você nunca usa; não adianta dizer que não se joga lixo na rua, se você é o primeiro a jogar, e por aí vai…

Então, especialmente àqueles que estão desacreditados com o nosso Brasil, sugiro que sejamos mais responsáveis pelas nossas atitudes, para que possamos, talvez, se Deus quiser, sairmos do ranking da corrupção, confiantes, de cabeça erguida, e com a consciência tranquila por termos feito nossa parte.