Valdiocir Bolzan

Rádio ZZP2
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Já abordamos assuntos relativos à Rádio Tiaraju e Rádio de Galena. Hoje falaremos sobre a Rádio ZZP2, legal e ilegal. Essa rádio (a verdadeira) estava localizada em São Paulo e tinha por objetivo fiscalizar a frequência das emissoras de rádio de todo o país para que não houvesse transposição de outras rádios na mesma frequência.

A conferência de frequência era agendada via telegrama com dia e hora previamente marcados. No dia e horário agendados (normalmente pela madrugada) e considerando que a propagação à noite era melhor, por tanto, a rádio deveria estar em pleno funcionamento para a referida aferição de freqüência.

A Rádio Tiaraju foi notificada algumas vezes para que fosse verificada se sua frequência, que na época era de 1.540 Khertz (quilohertz) estava sendo escutada pela emissora fiscalizadora em São Paulo, fato inédito para a época, pois uma emissora com apenas 100 watts de potência ser escutada a esta distância, este intento foi conseguido em somente uma oportunidade, tendo sido dado por correta a freqüência que estava sendo operada naquela ocasião. Faziam parte da escuta nesta oportunidade  o Carlos Castro, o Edgar Ilha e um dos proprietários  da Rádio Tiaraju, Alfredo Schmidt, tendo estes permanecidos até altas horas da madrugada para possibilitar este contato.

Só para esclarecer, quando a rádio estava fora de sua freqüência, ocasionava o chamado “bigode”, que significava chiados e uma mal frequência, ocasionando interferências em outras rádios, bem como nessa emissora.

Baseado na rádio acima mencionada, o Edgar Ilha (Schneider), vizinho e frequentador assíduo da Rádio Tiaraju, construiu um pequeno aparelho transmissor e colocou no ar a ilegal Rádio ZZP2, que funcionava na antiga pensão do seu pai, Sr. Florentino Ilha (seu Tinuca), onde hoje está localizada a Escola João XXIII.

Em um dos quartos desativado funcionava o estúdio da rádio. Certa ocasião, por ocasião de uma “bóia” (assim era e é até hoje conhecida por refeição), foi apresentado o programa Noite Tangueira, tendo por comunicador o Sergio Motta. A “Turma da Pesada” estava na cozinha quando inesperadamente surgiu uma noticia solicitando a presença do José Padilha em determinado local. Na ocasião o colunista se fazia presente no local e lembra perfeitamente o alvoroço que surgiu, pois essa rádio clandestina era desconhecida por muitos que ali estavam.

Certa feita o Schneider, recebia a visita de seu amigo Antoninho Kaabas, e resolveu pregar uma peça ao mesmo, escondendo-se em uma das dependências da pensão, onde sorrateiramente, sintonizou a referida rádio e noticiou que Marizia Neubauer, sua noiva na época, havia sofrido um acidente automobilístico em São Gabriel, cidade onde ela estudava na época. O Antoninho, ignorando a existência da rádio e a maldade do Schneider, saiu em disparada pela Rua Plácido Chiquiti sendo seguido pelo malfeitor que dizia ser brincadeira só conseguindo alcançá-lo uma quadra adiante, ou seja, na Rua Plácido Chiquiti, esquina com a Rua Cap. Elautério Gonçalves.

O Antoninho, em desespero, já planejava contratar um táxi para conduzi-lo até São Gabriel, para dar atendimento à noiva, não conseguindo seu intento, graças a interferência do autor, que o convenceu a muito custo que se tratava de um brincadeira.

Em outra ocasião, como o distrito de Formigueiro estava prestes à emancipar-se da cidade mãe, o Schneider, com a ajuda de seu amigo, o formigueirense Dida, que posteriormente foi Prefeito dessa localidade, e conhecedor dos problemas sociais lá existentes, haja visto que muitos políticos sepeenses não queriam a emancipação daquele local, devido a perda de muitos votos oriundos do referido distrito.

O Schneider, conhecedor dessa situação, noticiou através de sua rádio pirata, o seguinte: essa é a Rádio ZZP 2, da futura cidade de Formigueiro. Pedimos aos ouvintes, que nos escrevam dizendo como estão recebendo o sinal desta emissora. No dia seguinte, políticos e curiosos reuniram-se na Praça das Mercês, esquina da antiga loja A Insinuante, comentando a referida noticia e alarmados por não terem conhecimento da origem da rádio.

O Tyrone, especializado em eletrônica, foi chamado para tentar sintonizar e localizar a referida rádio, tendo o mesmo saído à rua, com um aparelho de testes e com os olhos voltados para o céu, a procura de alguma antena, que pudesse denunciar o local que pudesse estar sendo feita a transmissão, não conseguindo seu intento, pois logicamente a rádio estava fora do ar. O autor da transmissão que na época trabalhava como alfaiate na Alfaiataria Pinto, do “seu Peixoto”, acompanhava silenciosamente o desenrolar dos acontecimentos.

Face a repercussão que ocasionou, o autor, sabedor que poderia ser indiciado por ato ilegal que estava praticando e, também sujeito à prisão e elevada multa, refugiou-se por um  mês na localidade do Cerrito do Ouro, em lugar incerto e não sabido, retornando à cidade após saber que a poeira já havia baixado.

 


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