Valdiocir Bolzan

O Quiosque da Praça das Mercês
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Assim que foi organizada a Praça das Mercês, de acordo com o projeto do professor José Pedro de Campos, ela foi cercada de arame, trabalho esse que foi bem acabado. Passados alguns anos, provavelmente em 1912, o Cantidio Pontes, por concessão do Coronel Virgilio Silva, então intendente municipal, construiu ali um lugar previamente escolhido, um quiosque, onde se estabeleceu com barbearia e comércio de bebidas, comestíveis e outras variedades.

Pela propaganda pessoal e nos jornais locais (naquela época haviam dois), o quiosque tornou-se o ponto preferido das pessoas, principalmente da mocidade divertida daquele tempo.

Justifica-se a fluência de gente àquele local, porque ali era como foi há dois anos passados a bem organizada Banca nº 1, do Sr. Nestor Freitas, onde se encontrava de tudo um pouco. O vinho legítimo do Porto, custava 3 $ 000 (três mil réis) a garrafa, a cerveja 600 rs. (seiscentos réis) e a gasosa 300 rs. (trezentos réis). Esta gasosa era comprada na bem cuidada fábrica, nesse gênero, do Sr. José Claro Monteiro (Juca Honório). Tudo era servido nessa fábrica com inigualável presteza pelo proprietário e seus auxiliares, bem assim no quiosque que era bem variado o seu sortimento.

Além disso era manifestada a influência de Cantidio com relação a sua numerosa freguesia, por muitas e sobradas razões. É incontestável se dizer que esse benquisto sepeense em todos os empreendimentos que empregou a sua atividade, foi bem sucedido, razão porque, sempre soube corresponder a confiança de seus amigos. Sob a sua direção, havia uma bem organizada orquestra, da qual faziam parte os seguintes amadores: Dario Brum (Chiquinho), Heráclito de Oliveira, Trajano Cunha, Honório Alves, Miguel Medina e Diolofau Brum (Faim).

Os forasteiros que chegavam em São Sepé, logo eram atraídos para o quiosque, na aprazível Praça das Mercês. Bastava que fossem ali, ligeiramente e, nessa ocasião, ouvirem música, canto e declamações por certo número de integrantes da orquestra. Daquela hora em diante essas pessoas a todo momento iam ali.

Quando tocava a vez do Maestro Pontes pegar o violão e executar uma peça musical do seu vasto repertório, era o momento de grande atenção dos ouvintes. Violonistas uruguaios que viessem em São Sepé e fossem a sua presença ouvindo tocar esse difícil instrumento, ficavam encantados e, perdiam o entusiasmo de tocar “la guitarra”. Da mesma forma eram os cantores portenhos quando vinham aqui e ouviam o Chiquinho cantar. Haviam outros que com ele trovavam, porém não alongavam, porque, infalivelmente eram vencidos. Essas noitadas alegres, cheias de encantamento e harmonia, eram ali no quiosque do popular e apreciado Cantidio Pontes, na Praça das Mercês, naqueles bons tempos.

 

Nota do colunista:

Conheci pessoalmente o Sr. Trajano Cunha (avô do Carlos Castro) que desempenhava a atividade de carroceiro e era meu vizinho e residia na Rua Lauro Bulcão, esquina com a Rua 7 de Setembro, onde hoje é o prédio da Giorgina Posser.

Também conheci o Sr. Honório Alves que era casado com a dona Maria Emilia e residiam na Rua Riachuelo, esquina Coronel Veríssimo. Ele era Marceneiro e a sua oficina funcionava na Rua Plácido Chiquiti, onde hoje está localizada as Lojas Becker, e mais o Sr. Diolofau Brum (Faim), que era farmacêutico prático licenciado e trabalhava em uma farmácia local.

 

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