Saiba “Por Onde Anda” o sepeense Paulo Meireles

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O “Por Onde Anda, Sepeense?” conta com a participação do sepeense Paulo Meireles, que hoje é Juiz de Direito da Comarca de Guaratinguetá, em São Paulo. Acompanhe abaixo um relato da história de Meireles.

 

Trajetória

Sou filho de Coraci Rosa Meireles (falecida este ano) e Firmino Aires Meireles, nascido no Cerrito do Ouro, Distrito de São Sepé, nos idos de 1968.

Com 15 anos de idade, lá por volta do ano de 1983, com a separação de meus pais, fui morar, estudar e trabalhar em POA (no Bairro Teresópolis, no Julinho-Colégio Júlio de Castilhos e na CREFISUL, respectivamente), um ano depois, voltei, para trabalhar no escritório do Paulo Pacheco e estudar no Madre Júlia, onde acabei formando no curso Técnico em Contabilidade.

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Lá tive contato com o direito através de um professor, advogado, cujo nome me falha a memória no momento, mas que era um ótimo e agradável mestre, ao ele dizer da organização do Poder Judiciário.

Daquele momento em diante, pensei, “mesmo com todas as dificuldades, afinal não terei ajuda de ninguém, tenho que ser juiz de direito! É isso que quero e nada mais! Vou terminar o curso aqui e voltarei para POA, definitivamente em busca desse objetivo …”.

Voltei, comecei a trabalhar no Banco Mercantil do Brasil, onde percorri todos os cargos possíveis, formando em Direito na PUC/RS (demorei para entrar pelas dificuldades financeiras), tendo chegado a estudar História na UFRGS, que abandonei por falta de tempo e porque o objetivo principal, apesar de gostar do curso, era o direito (trabalhava de dia e estudava a noite).

 

Uma vida de muitas conquistas

Continuando na busca do sonho, estudei na AJURIS, conclui o curso Lato Sensu preparatório à Magistratura e, como casei com minha atual esposa, MIRIAM, que conheci numa viagem a trabalho em Belo Horizonte, tendo ela morado dois anos em POA, acabou voltando para trabalhar em BH, ante uma boa proposta, então, consegui transferência para lá no mesmo BMB, onde fui Auditor por cerca de 2 anos (total no Banco 17 anos), então, resolvi largar tudo para estudar para a Magistratura, quando me disseram “ora, você está jogando a carreira fora no banco, onde poderá aspirar, no futuro uma Diretoria, para não passar, afinal o Diretor Jurídico do Banco, de conhecimento enorme, fez 5 vezes e não passou, logo …!”.

Dois meses depois, minha esposa saiu do emprego também, situação imprevista, mas eu passava na 1ª Fase em SP, Estado que conheci no dia da prova, cerca de quase um ano depois, tendo superado todas as outras fases, quase inacreditavelmente, já que sendo de fora, as dificuldades ainda eram maiores, tomei posse como Juiz Substituto em Presidente Prudente, assumindo entre outras atribuições, a Vara da Execução Penal, com 9 mil detentos, que fora do recém-morto pelo crime organizado, Juiz Antonio Machado Dias, onde vi coisas inenarráveis, mortes violentas em rebeliões, muito comuns naquela época.

Também trabalhei em outras difíceis Varas, entre as quais a VEC de Tupã, também com muitos processos, com constantes ameaças a juízes e acabei assumindo minha primeira Comarca como Titular, a de General Salgado (particularidade, nome advindo de herói da Revolução de 1932, contra os Gaúchos), onde, apesar disso, fui muito bem recebido por todos, tendo até o Presidente da Seção da OAB local dito numa solenidade, “Doutor, o senhor fez com todos tivéssemos que voltar a Estudar, só um Gaúcho mesmo seria capaz disso!”, o que me encheu de orgulho da Terra.

Em Presidente Prudente nasceu meu único filho, VITOR HUGO RODRIGUES MEIRELES, com 10 anos na atualidade, garoto muito inteligente, que prevejo, se Deus quiser, grande futuro (já sabe, por exemplo, até o básico de inglês e se vira bem no exterior, para o orgulho máximo do pai, que nasceu de parteira e veio do Cerrito do Ouro).

Quase dois anos depois, há 8 anos, fui promovido para o atual cargo, Juiz de Direito da Comarca de Guaratinguetá, Entrância Intermediária, 1ª Vara, Cumulativa e do Júri, sendo também Juiz Eleitoral da 48ª Zona Eleitoral de São Paulo, onde estou estabelecido e provavelmente demore para sair, ante ao fato que a carreira está bastante estagnada e porque, possivelmente, a Comarca não demore a passar para Entrância Final, onde poderei findar a carreira (aposento em 13 anos, se quiser, por tempo de serviço), talvez logo que chegar a Desembargador, talvez não, porque o tempo pode ser insuficiente até aposentar e não pretendo, pelo menos no momento, permanecer na ativa, uma vez completo o tempo para aposentadoria (embora goste demais da função, a carreira é bastante árdua e nos consome saúde dia-a-dia, nos tirando da família, por exemplo, não raro saio de júris próximo da meia-noite, tendo cerca de 3 ou 4 por mês).

Fui agraciado em 2010 prêmio pela 2ª melhor sentença no Estado de São Paulo, casualmente, conhecido como Prêmio Juiz Antônio Machado Dias, em homenagem ao Colega tombado pelo crime, ante sua forte atuação, pelo que era conhecido no Oeste Paulista.

Fui coordenador da 48ª Circunscrição junto à Associação Paulista de Magistrados-APAMAGIS, por 4 anos, onde participei ativamente da vida associativa, com muitas vitórias, inclusive, em Campanha Nacional, quando logramos eleger o Presidente da AMB-Associação dos Magistrados Brasileiros, Des. Henrique Nelson Calandra, do TJSP.

 

Tem visitado São Sepé?

Em média volto a cada 18 meses a São Sepé, tenho saudades da calma, com observação tranquila do movimento a partir da linda e bucólica Praça das Mercês, cujas fotos, quando vejo, intimamente não resisto ao aperto no coração.

 

Pretende voltar a morar algum dia?

Difícil voltar para morar em S. Sepé, ante a incompatibilidade logística e familiar que não tem elo com a cidade (distância de aeroportos e etc.).

A cidade em que nasci, apesar de conhecer hoje dezenas, mundo a fora, sem dúvida, é sempre lembrada com carinho!

 

O que acha de São Sepé?

Uma pequena grande cidade no Coração do Rio Grande, onde o fogo da tradição gaúcha nunca apaga e nasce e corre límpida água da “Fonte da Bica”!