Ivan Cezar Ineu Chaves

O desarmamento como reserva de mercado
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Tenho escrito bastante sobre o tema do desarmamento e sempre as crônicas provocam bastante a interatividade. Várias pessoas me interpelam e trocam idéias a respeito desse tema que , sem sombra de dúvidas , ainda vai ocupar um espaço de destaque no debate nacional. Parece que ninguém mais duvida de que o Estatuto não ajudou em nada na justificativa de motivos que o precedeu, sobretudo no viés de que dificultaria o acesso de armamento aos bandidos.
Mas há uma outra questão que quase não é abordada na grande imprensa e que me parece deva ser posta para o debate público , qual seja , o Estatuto criou uma espécie de “reserva de mercado” para que policiais e agentes públicos que gozam do chamado “porte funcional” exerçam atividades remuneradas paralelas prestando serviços de segurança privada.


De fato, todos os dias a imprensa divulga casos de policiais que fazem “bicos” , ou seja , em seus horários de folga são contratados por pessoas ou empresas para prestar serviço de segurança. Eles são cooptados porque justamente possuem a prerrogativa do uso da arma de fogo.
Muitos desses agentes de polícia acabam se envolvendo em tiroteios com bandidos e saem feridos ou perdem a vida . Tivemos um caso traumático aqui em São Sepé , onde um jovem policial foi assassinado.


É mais um efeito colateral horroroso desse asqueroso Estatuto do Desarmamento, pois incentiva policiais a reforçar sua renda através da prestação de serviços privados de segurança. O Estatuto, portanto ,visto sob essa ótica é um aliado indissociável do “bico” policial.
Não tenho a menor dúvida de que as dificuldades impostas para que um cidadão de bem obtenha o porte de arma e , mais ainda , para que um grupo de pessoas montem uma pequena empresa de segurança s foi planejado – arquitetado – e que contou ( e ainda conta ) com um apoio explícito ou velado de significativa parte dos integrantes das forças policiais.


Raras são as lideranças policiais que se manifestam claramente contra o Estatuto do Desarmamento. O mesmo não se pode dizer dos Juízes de Direito. Com a maioria dos Magistrados com os que convivo ou convivi é quase unânime a reprovação ao Estatuto.
É um ponto importante que trago para o debate – e penso que sou pioneiro – se alguém já escreveu sob esse enfoque peço desculpas , mas eu nunca li . E aí vocês o que dizem ? – Existe uma reserva de mercado ??