Ex-morador de rua vai realizar sonho de construir a casa própria

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Quem observa atento ao senhor que diariamente circula pelas ruas centrais do município de São Sepé mal pode imaginar que um dia ele foi invisível aos olhos de quem passava. O caçapavano Jair Silveira de Freitas hoje exibe com orgulho os produtos que comercializa e que se transformam no seu sustento. A realidade é bem diferente de alguns anos, quando o então morador de rua em Porto Alegre sonhava apenas em ter um lugar para dormir ou até mesmo comer.

Jair ainda era jovem quando foi em busca de oportunidades na capital gaúcha. Por lá, dificuldades e um pouco de falta de sorte lhe conduziram para onde jamais imaginava: foram oito longos anos dormindo sob marquises de prédios e praças. O ambulante recorda as poucas oportunidades e os muitos desafios que enfrentou. “Dormíamos em frente Palácio Piratini, no auditório Araújo Vianna ou onde dava, já que quando chovia as opções eram restritas”, conta.

O jovem chegou a conseguir emprego em uma empresa, mas não contou que morava na rua. Bastaram cinco dias para que o então chefe fizesse a cobrança. “Ele disse que eu estava rendendo pouco. Foi então que revelei que não conseguia render mais porque ainda não tinha dinheiro para comer até conseguir o primeiro salário. Ele e os colegas prontamente me ajudaram”, lembra. Mas foi na rua que ele esbarrou em um homem que mudaria sua vida. “Era um português que sempre passava por ali. Um dia resolveu parar e perguntou se eu gostaria de vender pequenos objetos. Eu devo agradecer muito à ele porque foram três tentativas para que eu conseguisse sair daquela vida”, diz.

Hoje casado e pai de um menino de três anos, Jair projeta para o próximo ano o início das obras da tão sonhada casa própria. Com 55 anos, ele escolheu o município sepeense para comercializar mapas, bombas de chimarrão e kits de faca, dentre outros produtos. A esposa também ajuda com vendas pela internet e quer iniciar, também em 2018, a faculdade. “A vida na rua é muito complicada. Só quem sentiu alguma vez aquela sensação pode compreender o que estou falando. Hoje tenho uma forma de dar condições para minha família e gosto muito do lugar e das pessoas com quem trabalho”, completa.